ÍNDIA: UM DESTINO ESPIRITUAL
Relato de um devoto de Sai Baba

Por Flávio Rezende
 

 Minhas ligações com a Índia tiveram início na praia da Pipa. Foi lá que comecei a ler um livro de histórias zen, gentilmente cedido por uma amiga. Na medida em que embrenhava páginas adentro, uma espécie de cortina ia abrindo e revelando um mundo que a mim, parecia um velho conhecido. O namoro foi instantâneo e o amor tornou-se sólido na medida em que o mestre "tempo" foi  revelando que a vida fluía no aqui e no agora. Este era o principal ensinamento do meu primeiro guru, o na época Rajneesh, que depois mudou sua graça (nome) para Osho. Muitos livros depois, meditações, yoga com Olga na Ponta do Morcego, macrobiótica, jejuns, amizade e envolvimento com sanyasins (1), devotos de Krishna, rosacruzes, espíritas e inúmeras práticas chamadas de espirituais, eis que decido vender um carro, pedir licença dos empregos e me mandar para a Índia. Isto em 1990. Ia em direção a Poona, onde Osho mantinha uma "comuna" e recebia sanyasins de todas as partes do planeta, depois de morar um tempo nos EUA onde foi literalmente envenenado pelo governo Reagan, que reagiu assim as suas constantes provocações sobre a falsa democracia americana. Não é preciso dizer que meus familiares ficaram apreensivos com minha ousadia pois eu não sabia falar inglês e nem tinha conhecimento nenhum na Índia. No dia em que cheguei aquele maravilhoso País Osho desencarnou. Como tinha conhecido umas pessoas no vôo para lá, fiquei amigo deles e passei a percorrer a Índia  com os mesmos, até que o grupo inicial foi desaparecendo e eu fiquei a sós com Hélder, um carioca que terminou indo comigo até o sul da Índia onde ficamos uma semana no ashram (2) de Sai Baba. Foi então em 1990, de forma inusitada que tive meu primeiro contato com Sai Baba.

 Depois que voltei ao Brasil passei a conhecer mais sobre Sai Baba. Pouco a pouco os livros sobre Ele foram sendo traduzidos e fui percebendo melhor a grandeza Deste homem que é considerado um avatar, ou melhor, uma encarnação divina. No fim do ano passado e início deste decidi partir novamente para a Índia com a finalidade de passar o Natal de Cristo e a virada do milênio na presença de Sai Baba. O grupo de devotos foi formado por 36 pessoas de várias partes do Brasil. É importante ressaltar aqui que quando devotos viajam a excursão não é propriamente turística. A parte de turismo fica muito pequena diante do real interesse das pessoas em ficar a maior parte do tempo em atividades espirituais e bem próximas Daquele que elegeram para guiar seus caminhos por esta vida. Sendo assim, os devotos em peregrinação a Índia vão conhecer os templos, fazem compras,  mas isso não é o essencial. Neste campo o que se vê mesmo na Índia são enormes palácios erguidos por marajás em períodos que alternam de antes a depois de Cristo. São obras fantásticas que não tem igual em nenhum País do ocidente. E os templos que são muitos.

Nosso grupo chegou a Bangalore e rapidamente foi ver Sai Baba no ashram de Brindavam, situado na cidade de Whitefield, perto da capital. Foi ali que Sai Baba passou o Natal. A festa é belíssima, com aproximadamente quinze mil pessoas de todas as nacionalidades. Como tudo ao redor de Sai Baba, rapidamente as coisas são definidas. Os corais foram formados, os grupos de sevas (3) escolhidos e todos os envolvidos com a festa sabiam o que fazer. Baba falou, o que só faz nas entrevistas pessoais ou para grupos e em ocasiões especiais, ressaltando sempre sua mensagem de união das religiões e da necessidade de não perdermos mais tempo na busca do equilíbrio interior. Depois do Natal o grupo foi passar a virada do milênio no ashram de Prashanthi Nilayam (Morada da Paz Celestial) na cidade de Puttaparthi, um vilarejo a 160 quilômetros ao norte de Bangalore, centro-sul da Índia, onde ele nasceu. É ali onde estão a maioria dos alunos que estudam gratuitamente nos colégios mantidos pela Organização Sathya Sai, que fundamenta seus métodos de ensino nos valores humanos, método inclusive adotado em toda a Índia pelo governo e que já é seguido em várias escolas na Terra. Quando Sai Baba nasceu numa casa de taipa em Puttaparthi a cidade não existia, tendo apenas uma pequena vila.

Hoje tem aeroporto, um super hospital de especialidades, escola de música, enfim, tudo que é preciso para uma cidade, tudo graças a presença de Sai Baba no local. E foi neste ashram sagrado que passamos praticamente 20 dias, acordando por volta das três horas da manhã para ir formar filas, que mais tarde seriam sorteadas, para ver quem poderia ficar margeando os locais onde Sai Baba passa diariamente às 7h e 15h, recebendo cartas, abençoando, chamando para as entrevistas pessoais ou coletivas e até materializando objetos ou o vibhuti. Também diariamente às 10h e às 17h ele aparece para participar das sessões musicais. Nestas ocasiões os devotos ficam cantando os chamados "bhajans" e Sai Baba acompanha tudo pessoalmente.
 Quando não estamos em sua presença, que é o acontecimento mais esperado por todos, ficamos fazendo atividades variadas. Uns continuam no local sagrado, chamado "mandir" praticando meditação ou repertindo os nomes de deus usando seus respectivos "japamalas". Outros vão fazer "seva", que pode ser na cozinha ou em vários outros setores da comunidade. O ashram é formado por grandes prédios que abrigam muitos devotos, em quartos simples mas dotados de banheiro, chuveiro  e um ventilador central. Até quatro devotos podem ficar em cada quarto. Paga-se apenas quatro reais por dia e uma refeição no ashram custa em torno de um real. É tudo muito barato mesmo. Por ocasião de minha permanência no ashram tive a grande satisfação de entregar nas mãos de Baba cartas que levei dos devotos de Natal e minhas, como também tive meu japamala abençoado por Ele.

Sai Baba é para seus devotos indiscutivelmente uma encarnação divina. Vários livros relatam seus milagres, suas aparições simultâneas em vários pontos, a materialização que faz de objetos de todos os tipos e, o principal, a transformação que Ele vem operando em muitas vidas através do seu método de educação em valores humanos, através do serviço devocional e também de inúmeras outras formas que só Ele sabe. Eu, pessoalmente, abandonei álcool, cigarro e  estou me reeducando em termos de alimentação já tendo deixado muitas coisas para trás. Ir a Índia para mim e estar na presença de Sai Baba é como dar mais um passo em direção a posturas cada vez mais corretas de ser. É vendo seu exemplo e vivendo de acordo com suas orientações que poderemos avançar em direção a Deus, o que na verdade já somos, só faltando a nós viver isso plenamente dentro de nós.

Encarnado na Índia, em 26 de novembro de 1926, na cidade de Puttaparthi, sul daquele espirituoso País, com o nome de Sathya Narayana Raju, logo aos 14 anos assumiu sua condição de AVATAR, ou melhor: encarnação divina.  Aos poucos o trabalho de Baba vem sendo reconhecido em todos os quadrantes do nosso planeta, principalmente por causa de suas ações amorosas, caridosas e de sua especial atenção a questão educacional, onde ressalta a aplicação da disciplina "Educação em Valores Humanos", dentro dos métodos tradicionais de ensino. Mantendo universidades, escolas e unidades de ensino em toda a Índia e na África, como também em outros países, afirma que "Eu Vim para acender a lâmpada do amor em seus corações, para vê-la brilhar dia a dia com brilho mais forte. Eu não Vim em nome de alguma religião exclusiva. Eu não Vim em nenhuma missão de publicidade para alguma seita, credo ou causa; tampouco Vim para colecionar seguidores de alguma doutrina. Eu não tenho plano de atrair discípulos ou devotos para o meu "rebanho" ou qualquer outro "rebanho". Eu Vim para dizer-lhes desta fé unitária, deste princípio espiritual, deste caminho de Amor, desta virtude do Amor, deste dever do Amor, desta obrigação do Amor". De fato Sathya Sai Baba não pede para ninguém abandonar sua fé em alguém, "deixem que existam todas as crenças, deixem que floresçam e que a Glória de Deus seja cantada em todas as línguas e variedades de tonalidades. Esse deve ser o ideal. Respeitem as diferenças entre as crenças e reconheçam-nas como válidas quando elas têm como princípio a chama da Unidade."

Então o que prega Sai Baba? a resposta está em três pontos básicos, a saber:

  1. "Servir e amar à humanidade, promovendo a sua espiritualização para que o homem se encontre em Deus".

  2. " Unificar as seis maiores religiões da Terra: Budismo, Cristianismo, Islamismo, Judaísmo, Hinduísmo e Mazdaísmo, uma vez que todas as religiões se baseiam no amor Universal". Ele afirma que só existe uma religião - "a religião do amor".

  3. " Restaurar os princípios da educação, dentro de uma metodologia moderna de Educação em Valores Humanos (E.V.H.), como processo de transformação social, promovendo no homem a mudança do caráter através da conquista das virtudes."

Muita gente em todo o planeta tem reconhecido em Baba sua condição de encarnação de Deus, mas alguns só acreditam nesta condição na medida em que presenciam seus "milagres", como a materialização de objetos, aparição Dele em diversos pontos ao mesmo tempo, materialização do vibuthi, a cinza sagrada que possui propriedades medicinais, curas de todos os tipos de doenças, desde que a pessoa tenha merecimento espiritual, isto é, que a doença não seja fruto de decisão pessoal para possibilitar queima de carmas anteriores, manifestação do Lingam, que são objetos ovóides que saem de seu corpo em festivais, que simbolizam para Baba "...um vislumbre da Divindade, um sinal da Graça infinita. Tal como o Om é o símbolo sonoro de Deus, o Lingam é a "forma-símbolo" ou o símbolo visível de Deus - o mais significativo, o mais simples e o menos dotado dos acessórios relativos a atributos", além de vários outros tipos de poderes, todos devidamente registrados em livros e vídeos, para que não pairem dúvidas sobre a autenticidade dos fatos, que não tem nada a ver com mágica ou coisa parecida. Mas sobre estes milagres, Baba também tem suas afirmativas, "meus  milagres são meus cartões de apresentação. Dou às pessoas o que elas querem, para que mais tarde me dêem o que Eu quero: o seu amor a Deus".



(1) Sanyasins - Aquele que renuncia.
(2) Ashram - Morada de santos e aspirantes espirituais.
(3) Seva - Voluntário
 


Instituto de Educação Sathya Sai 
Rua Siqueira Campos, 121 sala 302
Copacabana 22031.070 Rio de Janeiro RJ <www.valoreshumanos.org>
Brasil Telefone/fax: (0xx21) 547-5453, e-mail: evh@valoreshumanos.org 


Reuniões em Natal:
- Domingos - 19h - Edf. Barão do Rio Branco, sala 601 - Centro - Entrada livre
- Quintas - 20h - Grupo de Estudo dos Valores Humanos e Meditação na Luz. - Entrada Livre
- Informações sobre o Grupo Sri Sathya Sai Natal - Getúlio Costa - 982-8172/222-4720.