As Flores do Bem
-um devaneio poético dos sentimentos florais de Bach.
A Coroa Luminosa.
O Orgulho reside na Coroa. É a incapacidade de viver plenamente a
solidão da existência e de se identificar com o Divino. Frente à Luz
Eterna, extática e apolar de Kether, há três forma básicas de manifestação
do Orgulho:o Egoísmo (Heather), o Despeito (Impatiens) e a Altivez (Water
Violet). Ou seja: ou somos os ‘donos’da Coroa Sagrada, ou invejamos não tê-la,
ou ainda, fingimos não desejá-la.
O Egoísmo é o sentimento que aflora à consciência fruto de uma ilusão
de poder e autonomia, que acaba isolando a pessoa através de uma dependência
arrogante que desconhece sua real integração com os outros. O Despeito, por
sua vez, sempre gera impaciência e irritabilidade. É a raiva invejosa que
impede a identificação emocional com o que lhe é superior. A Altivez
assemelha-se ao egoísmo, uma vez que também é uma identificação virtual
com a Luz Interior, enquanto o Despeito, filho da Rivalidade, é uma resistência
instintiva a este reconhecimento. Porém, enquanto o Egoísta se sente
superior, se colocando sempre no centro das atenções, o Altivo sofre calado,
discretamente, criando um mundo próprio onde reina absoluto.
Os olhos e o presente.
São os olhos que interpretam e interpenetram a Realidade. São eles
que organizam as vibrações e freqüências cromáticas em formas, criando a
Imag-em-ação. Para aprender a observar é necessário conhecer os mecanismos
da imaginação dos olhos, seus subterfúgios mentais. O Devaneio (Clemantis),
em que a mente esconde a Realidade em divagações do pensamento, é uma das
fugas psic-óticas mais freqüentes, porém a Nostalgia (Honeysuckle) - quando
a imaginação se refugia da lembrança de um passado belo - e as projeções
de um Futuro Negro (WhiteChestnut) - onde a suposição de fatos desagradáveis
sempre se antecipa - são também manifestações constantes aos olhos pouco
observadores. O belo passado e o futuro negro nos roubam o olhar do presente.
Mas há também os Olhos Tristes e os Olhos Cansados. A Tristeza pode
se manifestar sob a forma de Melancolia (Mustard) ou de Apatia (Wild Rose),
sendo a primeira uma nuvem negra que se abate sobre os olhos cegando-os para
vida, enquanto a outra apresenta traços de um conformismo e de uma resignação
com sua situação.
Já os Olhos Cansados podem ser fracos (Olive) ou repetentes (Chestnut
Bud). Estes últimos estão cansados de viver experiências recorrentes, de
repetir erros de uma forma viciada; enquanto os primeiros têm preguiça de
ver e não querem mais observar.
A Palavra e a Voz.
Se se observar como um homem se sente após ter empenhado sua palavra
sobre algum assunto, podemos determinar corretamente a forma de indecisão que
lhe é peculiar. Trata-se sempre de uma luta da Vontade contra a Dúvida, do
cumprimento da palavra emprenhada pela voz contra a sua desmoralização pelo
corpo e pela realidade. Enquanto os olhos não apenas apreendem, mas também
estruturam, a realidade; a Voz é como uma Espada que luta por sua transformação.
Caso haja uma alternância (Scleranthus) entre dois opostos, a euforia
e a tristeza, por exemplo, termos uma indecisão de um tipo diferente do que
se nossa confiança na intuição inicial for carcomida por suposições
racionalistas (Cerato).Já se formos abertamente pessimistas, podemos ser
classificados em três categorias: aquele que desanima facilmente frente às
dificuldades (Gentian), o derrotista inveterado (Gorse), que justifica sua
apatia e estagnação na própria fé, e, finalmente, a fadiga psicológica (Hornbean),
que também pode ser chamada de preguiça verbal.
Há ainda pessoas a que faltam determinação (Wild Oat), que não
conseguem honrar a palavra por absoluta falta de convicção em tudo.
O Coração e o Outro.
O Coração por natureza é volúvel e susceptível à influência dos
outros. Seus movimentos, cardíacos, pulsam em pelo menos quatro ritmos:
O Malvado
- Quando o coração odeia, se remoendo de raiva ou ciúme, é porque inveja
um outro coração (Holly).
O Fingido
- Quando o coração mente, escondendo sua tristeza em uma alegria histérica
e falsa (Agrimony).
O Servil
- Quando o coração não tem vontade própria e se esmera em agradar sempre
aos outros, sacrificando-se (Century).
O Mutante
- Quando o coração não odeia, não mente, nem se presta à adulação; ele
pulsa uma revolução, porque se esquece do Outro e se concentra em si,
propiciando mudanças e transformação (Walnut).
O Inventário dos Medos.
Há medos e medos. Os indefinidos e genéricos, medos vagos como
pressentimentos maus (Aspen); e também medos específicos: medo de doença,
de pobreza, de escuridão, de ficar sozinho (Minimulus). Pode-se sentir medo
de si mesmo, de perder a razão e fazer coisas terríveis (Cherry Plum) e também
pode-se sentir medo pelos outros, a aflição obsessiva que teme que aconteçam
desgraças àqueles que amam (Red Chesnut). Mas o pior de todos os medos é o
pânico desesperado de temer o próprio medo. É o medo do medo (Rock Rose).
Mas, todos esses medos, que formigam no meu plexo solar, são medos da
vida. Para o medo da morte não há remédio, sabor ou perfume. A única saída
é enfrentá-lo corajosamente de cara limpa.
O Espelho.
Vejo o sexo como a lua, como um imenso espelho branco prateado, como
uma balança moral onde os homens se comparam e estabelecem critérios de
julgamento. Nele posso me reconhecer como o obsessivo e possessivo
superprodutor (Chicory) ou como dominar inflexível, que em sua ambição
arrogante e prepotente, quer dominar os outros (Vine).
Através do espelho sexual de minha lua, quero ser um exemplo para os
outros, seja na forma de culpa e de automartírio moral (Rock Water), seja no
fanatismo narcistista de querer converter todos às minhas crenças e idéias
fixas (Vervain), ou ainda sendo crítico e intransigente com tudo e com todos,
não aceitando meus relacionamentos (Beech).
O Desalento Escatológico.
Aparentemente os dois significados da palavra ‘escatologia’ não têm
a menor conexão lógica. Mas, para os observadores do mundo interior que
distinguem as manifestações coccígenas de seus sentimentos, há uma relação
anal muito clara e evidente entre os excrementos biológicos humanos (a merda)
e o Final dos Tempos e da História. É o Desalento.
Este pode ser um sentimento de inferioridade e de fracasso, sem confiança
na própria capacidade e que nunca se arrisca (Larch) ou um complexo de culpa
anal, uma insatisfação crônica consigo mesmo, que se sente responsável
pelas falhas dos outros (Pine). Há ainda os desalentos pessimistas provocados
pelo excesso de responsabilidade (Oak), pela inadequação pro uma exigência
exagerada (Elm) ou pelo sentimento de ter sido injustiçado e humilhado: o
amargo ressentimento anal dos estuprados (Willow).
Existem também o desalento dos choques naqueles que recusam o consolo
(Star of Bethelem) e o desalento das angústias da degeneração generalizada
(Sweet Chestnut). Porém, o desalento mais escatológico é o que se
identifica diretamente com os excrementos e com
a falta absoluta de perspectiva dos que têm njo ou vergonha de si
mesmos (Crab Aple), pois não se trata apenas de auto-aversão ou de rejeição,
mas do sentimento de ser uma merda.
Os florais e os centros de energia.
A Coroa, os Olhos, a Voz, o Coração, o Espelho e a Merda. Cada um com
seus perfumados sentimentos, com seus aromas e humores, fragrâncias e fedores
dos pecados capitais. Mas, nessa matéria volátil, todas as classificações
são pífias. Belas são as flores e não as palavras que as chamam.Belos são
os Jardins dos Sete Palácios Celestiais.
(VII) A Coroa, o orgulho e a luz.
A) Heather - Egoismo e dependência.
B) Impatiens - Impaciência e irritabilidade.
C) Water Violet - Sofrem caladas, sentem-se
superiores, altivos.
(VI) Centro Frontal, os olhos e
a imaginação.
A) Chestnut Bud - repetição de erros, situações
recorrentes, vícios,
B) Clematis - Sonhadores, divagação do pensamento,
ilusões mentais.
C) Honeysuckle - Pessimismo e nostálgia, fuga para o
passado belo.
D) Mustard - Depressão violenta sem motivos,
melancolia fria.
E) Olive - Força para seguir, cansaço justificado.
F) White Chestnut - Evitar idéias e suposições
desagradáveis.
G) Wild Rose - Resignação, conformismo, apatia.
(v) Centro Laríngeno, a voz e a
Palavra.
A) Cerato - Falta de confiança, conflito entre intuição
e racionalismo.
B) Gentiam - Pessimismo de depressão, desanima nas
dificuldades.
C) Gorse - Estagnação, apatia, derrotismo.
D) Hornbean - Fadiga psicológica.
E) Sclerantus - Indecisões biopolares. Alterna
euforia e tristeza.
F) Wild Oat - Falta de determinação.
(IV) Centro Cardíaco e o coração indeciso.
A)
Agrimony - Escondem problemas com falsa alegria.
B)
Centaury - Tentam agradar os outros, timidez.
C)
Holly - Ódio, inveja, negatividade pura.
D)
Walnut - Para revoluções de vida.
(III) os medos do plexo solar.
A)
Aspen - Medos indefindos de coisas específicas.
B)
Cherry Plum - Desespero suicida, colapso nervoso.
C)
Mimulus - Medo do mundo, medos leves mais persistentes.
D)
Red Chestnut - Para os que se afligem por outros e esquecem de si.
E)
Rock Rose - Pavor, pânico - remédio de emergência.
(II) Centro sacro: a lua, o espelho e o sexo.
A)
Beech - Intolerância, não aceita os outros.
B)
Chicory - Possessividade e supermeticulosidade, vítima.
C)
Rock Water - Auto-martírio moral, culpa.
D)
Vervain - Fanatismo, idéia fixa.
E)
Vine - Ambição prepotente, querem dominar os outros.
(I) Centro coccígeno, a merda.
A)
Crab Aple - Auto-aversão, rejeição, identificação com o negativo.
B)
Elm - Inadequação por exigência exagerada.
C)
Larch - Sem confiança na
própria capacidade.
D)
Oak - Excesso de responsabilidade.
E)
Pine - Insatisfação, projeta seus erros nos outros.
F)
Star of Bethelem - Estado de
choque.
G)
Sweet Chesnut - loucura, desorganização afetiva.
H)
Willow - Amargura.