APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO UFRN FEVEREIRO 2003


“UFRN: S.O.S. SEGURANÇA”

 Existe por parte dos alunos da UFRN, atualmente, um falso sentimento de segurança, que é alimentado pela aparente tranqüilidade que o Campus oferece. Porém, o setor responsável por esta área se depara, cotidianamente, com a falta de condições de trabalho.

Em 1997, o quadro de pessoal contava com um efetivo de 220 homens. Todavia, dispõe atualmente de 197 funcionários, enquanto o ideal seriam 420. Este número é inversamente proporcional à crescente quantidade de alunos e de veículos que circulam  diariamente na UFRN – cerca de 18 mil e 15 mil por dia, respectivamente. Esta situação gera um clima de insatisfação por parte da equipe da Divisão de Segurança Patrimonial da UFRN: ”O que nos deixa de certa forma insatisfeitos é o contingente de equipes trabalhando, que é insuficiente para cobrir toda a área, composta de todo o Campus Central e pela área biomédica. Precisamos de um contingente maior, pois temos um pessoal que está requerendo aposentadoria”. Todavia, tal situação não oferece perspectivas de mudança, uma vez que é remota a possibilidade de realização de novo concurso público e o último fora realizado em 1990.

Além disso é verificado outro entrave ao bom funcionamento deste setor : a falta de renovação de equipamentos e da frota de veículos. “Já temos veículos com mais de 04 a 05 anos e temos veículos com 02 anos. Na área de segurança, o ideal é que o veículo seja mudado anualmente. E o equipamento, de dois em dois anos. Quando temos uma emergência, precisamos de carros bons, com uma boa manutenção, pois trabalhamos 24 horas por dia”, declarou José Anchieta de Freitas, chefe do DSP.

Um obstáculo ao bom funcionamento do DSP foi a implantação, em 2001, do Programa Nacional de Racionamento, cujo estabeleceu que a universidade não poderia expandir os gastos com iluminação. Essa expansão acarretaria severas multas à UFRN. Mas, de acordo com o diretor do setor de Infra Estrutura da UFRN, Gustavo Rosado, “Os espaços com maior circulação de pessoas são bem iluminados” – o que contrapõe o depoimento do estudante Rogério Bianchi, aluno do curso de Administração: “À noite, a iluminação é muito precária. São poucos vigilantes, os carros estão bastante defasados e não há comunicação entre os setores. A gente vê muitos assaltos, principalmente na área dos bancos. Um menino que conheço foi assaltado assim que saía do banco. Os ladrões estavam de tocaia e assaltaram. A segurança praticamente não existe”. 

O tráfico de drogas é mais um empecilho à tranqüilidade na UFRN pois esta área não compete à alçada do setor de segurança, que encaminha os casos constatados à Polícia Federal. Outro ponto deficitário na segurança do Campus é a não-existência de um setor de inteligência, que ajude a coibir novas ocorrências.

Caixa de texto: O QUE JÁ FOI FEITO

Vale lembrar algumas iniciativas também já adotadas pela UFRN. Em 1999 foi iniciado um trabalho de limpeza que acabou com os chamados “bolsões de mato”, vegetação com altura elevada existente dentro do Campus, que servia como verdadeiro esconderijo para assaltantes, estupradores, como também animais nocivos. Em 2001 também começou a ser instalada uma cerca para isolar o Campus. No entanto, não foi dado prosseguimento a este projeto e, atualmente, a governadora Vilma Maria de Fatia pronunciou-se contra tal medida, visto que esta impediria o acesso da população à estrada de Ponta Negra.
A integração existente entre os setores de infra-estrutura e segurança é um aspecto positivo a se ressaltar, onde o primeiro atua como órgão responsável pela estruturação e manutenção da estrutura física do Campus, oferecendo condições para que a segurança possa atuar dentro da UFRN em qualquer emergência, de acordo com as necessidades.

O chefe da DSP afirmou ainda que uma saída para o problema de segurança seria a terceirização do setor, cuja medida é apoiada pelos seguranças da UFRN.

Outra proposta bastante seria a expansão do sistema eletrônico na UFRN, conforme os funcionários: “Estamos buscando um sistema eletrônico para colocar em todos os setores da UFRN. Só não tem no CCHLA – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Os outros departamentos têm. E a nossa proposta é expandir para toda a faculdade, inclusive estacionamentos”. O custo para implantar esse projeto é alto – 600 a 800 mil reais. Mas, de acordo com os funcionários, “estão se buscando meios para isso”.

 Com relação às ocorrências registradas, o chefe da Divisão de Segurança da UFRN, FULANO, afirma que estas se dão, em sua maioria, no turno vespertino, entre 13 e 18 horas. Nesse período ocorrem grande parte dos furtos de veículos. Veja o número de ocorrências registradas pelo Departamento de Segurança Patrimonial na tabela abaixo referente ao ano de 2002.


OCORRÊNCIAS REGISTRADAS NA UFRN - JANEIRO À NOVEMBRO / 2002

 

CATEGORIAS

JAN

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

TOTAL

Furtos de Patrimônio

0

0

2

1

0

3

0

0

4

0

0

10

Furtos de Veículos

0

0

1

0

0

1

0

0

0

1

5

8

Furtos de Terceiros

0

2

2

3

7

5

13

5

6

6

8

57

Arrombamentos de Patrimônio

1

0

2

0

1

3

0

1

1

1

0

10

Arrombamentos de Terceiros

1

2

4

1

7

4

12

1

5

0

0

37

Colisão de Veículos

7

2

2

3

8

1

8

11

3

1

5

51

Veículos abertos

4

7

9

13

11

17

28

10

9

13

23

144

Prédios, salas e janelas abertas

11

9

8

20

21

22

27

15

14

6

20

173

Detenção à suspeitos

1

0

4

3

2

2

3

2

7

1

3

28

Condução à Hospital

3

2

4

3

1

3

5

2

0

6

4

33

Luzes e equipamentos ligados

1

2

7

0

2

2

1

1

2

1

0

19

Outras Ocorrências*

8

9

16

20

21

11

25

15

13

15

20

173

TOTAL

37

35

61

67

81

74

122

63

64

51

88

745


FONTE: DSP – Departamento de Segurança Patrimonial da UFRN


* Pernoites de veículos particulares no interior do Campus, objetos encontrados e devolvidos, inibições de prática criminosa, alarmes acionados, manifestações da comunidade universitária, fechaduras danificadas, fuga de paciente do Hospital Universitário, princípios de incêndios e veículos abandonados.

OBS 1: Neste período só foi  registrado um assalto no mês de julho e somente um registro de flagrante de entorpecentes no mês de setembro.

OBS 2 : Neste período não foi  registrado nenhum caso de estupro.  


Pauta: Olavo Bilac, Raquel Silva; Entrevista: Aldo Peixoto, Marcelle Gurgel, Thayse Baracho;  Edição: Esdras Ranieri, George Diniz e Letícia Medeiros.