APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO UFRN FEVEREIRO 2003


Fernando Luna

 

REPÓRTER: Como iniciou a sua carreira?

FERNANDO LUNA: Comecei em 1978 tocando no Impacto Cinco e no Terríveis, cantando todos os tipos de músicas em matinês de clubes. Em 1984, viajei para São Paulo e fiquei dois anos por lá me apresentando em bailes também. Depois fui para o Paraná, Santa Catarina e Rio grande do Sul, sempre com bandas. Quando retornei a Natal, em 1991, a música do momento era o axé e, como ninguém da banda queria tocar esse estilo, o grupo se desfez e eu passei a tocar sozinho o gênero musical romântico, o estilo que eu mais gosto.

REPÓRTER: Qual a relação entre o público e a música que você toca?

FERNANDO LUNA: As bandas tocam aquilo que o público quer, então nós tocávamos o que o povo pedia, mas depois de um certo tempo (13 anos de banda e 12 sozinho), formei meu repertório com 500 músicas que vai desde MPB, passando pela música romântica até o rock. Todas elas eu só toco porque gosto, por isso meu trabalho é direcionado para o público.

REPÓRTER: Nesse repertório existem músicas de sua autoria?

FERNANDO LUNA: Aí é que está o grande problema do público com relação aos artistas, principalmente aqui em Natal, pois o público quer ouvir o que ele conhece, não só as músicas que estão na mídia, como também os “flash back”, ou seja, as músicas do passado. Isso é algo que observo muito. Dessas 500 músicas do meu repertório há pelo menos umas 300 que  eu não toco, porque as pessoas não conhecem, não assimilam, então, elas têm uma reação fria. Por isso, mesmo tocando o que eu quero, tenho que cantar aquelas que o público gosta mais.

REPÓRTER: Então, mesmo tocando o que você gosta, é o público quem sempre decide o seu repertório?

FERNANDO LUNA: Não. Se eu sempre atender a todos os pedidos do público meu repertório fica muito repetitivo, pois as pessoas só pedem as mesmas canções. Então, muitas vezes, eu toco músicas que não coincidem com o gosto de quem está ouvindo.

REPÓRTER: Ao longo desses 25 anos de carreira, que tipo de apoio você tem recebido?

FERNANDO LUNA: Eu só tenho apoio das minhas duas pernas que ainda estão firmes, das minhas mãos e do meu pensamento. Aqui em Natal existiu uma lei chamada PROFINC (Projeto de Financiamento à Cultura) que era um incentivo fiscal de empresários que podiam financiar artistas locais. Muitos gravaram discos assim, porém não fui beneficiado, pois na época da produção do meu CD o projeto foi extinto.

Há seis anos, lancei um disco que foi produzido com recursos próprios, com dinheiro das apresentações que fazia na noite. Assim, eu passei três anos e meio gravando esse CD, cantava no sábado e com o dinheiro da apresentação gravava uma música na segunda. Atualmente eu tenho um CD com músicas minhas e cinco CDs com músicas que canto na noite.

REPÓRTER: Como a mídia tem atuado na divulgação dos seus CDs?

FERNANDO LUNA: A Rádio Universitária e a TVU sempre apoiaram os eventos locais. Mas não adianta muito como divulgação, pois quem escuta a Rádio ou assiste à TVU é a minoria, a elite. Não adianta fazer música para a elite, pois ela não compra, manda gravar. Quem compra é o pobre que junta o dinheiro para comprar o CD. As emissoras comerciais que atingem a grande massa chegam a cobrar até R$3.000 por mês para tocar uma música. Atualmente, a FM 94, através de Dr. Aroldo Azevedo está tocando meu CD, três vezes por semana, mas toca.

 


Edição: Pâmela Fabíola de Oliveira Silva e Rosiana Clara Viana; entrevista: Ana Paula Carlos de Andrade e Raquel do Carmo Silva; pauta: Amanda Carvalho.