APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO UFRN FEVEREIRO 2003


 

 

MESMO MAIS PRÓXIMOS, OS NATALENSES TÊM DIFICULDADE PARA IR A FERNANDO DE NORONHA

 

A visita ao arquipélago de Fernando de Noronha é uma excelente opção para aqueles que desejam uns dias de, literalmente, paz, sombra e água fresca. Paisagens exuberantes compõem o complexo de 19 praias que fica a apenas 360 km de distância da capital norte-rio-grandense, o que a torna a capital brasileira mais próxima do arquipélago. Com esse “presente geográfico”, as ilhas poderiam ser um dos destinos mais procurados pelas pessoas de Natal durante as férias e feriados prolongados. No entanto, poucos natalenses conhecem o arquipélago – grande parte, quando da oportunidade de fazer uma viagem, preferem passar longe do paraíso ilhado.

            Os pacotes de viagem incluindo estadia em Fernando de Noronha estão sempre preenchidos, porém, em sua maioria, as vagas são ocupadas por turistas de outras partes do Brasil e do mundo. “Principalmente depois dos ataques terroristas de 11 de setembro, a busca de turistas estrangeiros por uma hospedagem em Fernando de Noronha vem crescendo avidamente”, diz a funcionária da agência Porto Atlântico Turismo, Télia Santos. Para Télia, os turistas natalenses não se motivam a conhecer o arquipélago por causa dos preços. De fato, quando consultadas as várias agências de viagem da cidade que dispõem de pacotes turísticos para Noronha, constata-se que o preço individual médio para duas noites nas ilhas é de R$ 920,00 na alta estação e R$ 850,00 na baixa estação. “Sem contar com a Taxa de Preservação Ambiental, que custa R$ 21,28 por diária e não é incluída no preço dos pacotes”, alerta a funcionária.  

            A Taxa de Preservação Ambiental, ou TPA, é um valor cobrado a todas as pessoas que estejam na ilha em visita de caráter turístico. A taxa foi instituída pela Administração do Distrito Estadual e assegura a manutenção das condições ambientais e ecológicas do local, que é a maior preocupação dos moradores e responsáveis.  Por isso, também foi criado, em 1988, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PANAMAR), que protege 112 km² na região terrestre e marinha do arquipélago, incluindo patrimônios históricos e proporcionando tanto pesquisas científicas quanto educação ambiental. Palestras diversas sobre a vida animal e vegetal da região são dadas todos os dias aos visitantes, afim de mantê-los informados e como uma forma de conscientização ecológica. Alternativas mais econômicas para se visitar o arquipélago, como acampamento, não são permitidas no regulamento do Distrito. Para os moradores, o pernoite ao ar livre e as fogueiras são atos que podem agredir a natureza do local.

            Um dos principais fatores que fazem a estadia em Fernando de Noronha ter um custo tão alto é a dificuldade de acesso. “Como tudo que vai para lá é transportado de barco ou avião, a alimentação, os produtos em geral e até mesmo a gasolina tem um valor bem mais alto que o normal”, esclarece Télia Santos. A estudante de jornalismo Tázia Lima, que já visitou a ilha, reclama, mas afirma entender a situação: “Em um restaurante self-service chegamos a pagar R$ 20,00 por quilo. Coisas que não são produzidas na ilha, como picolé e, em especial, as bebidas, são ainda mais caras em relação ao continente... Existem produtos simples que, lá, podem se tornar um verdadeiro sonho de consumo.”

    Ainda pesa bastante o fato de ser um lugar requisitado, porém minúsculo: todo o arquipélago tem uma área de aproximadamente 26 km², sendo apenas 17 deles ocupado pela ilha principal. Por esse motivo, o fluxo de visitantes é bastante controlado, sendo permitida a entrada de apenas 90 pessoas por dia, e os preços dos serviços são elevados. Um passeio de barco, por exemplo, custa entre R$ 40,00 e R$ 45,00. “E os habitantes não fazem abatimento de preço de forma alguma”, diz Télia Santos.  

De fato, os pouco mais de 1800 habitantes de Fernando de Noronha não facilitam a rigidez das regras para manter o excelente nível do arquipélago. Também pudera: exatamente pela dimensão da ilha principal, não são muitas as alternativas para o sustento fora do ramo do turismo, o que os obriga a ter um cuidado ainda maior em relação ao meio-ambiente.  “O povo em Noronha é muito acolhedor com os turistas, mas sabe que o lugar deles está acima de tudo. É fácil perceber o valor que eles dão àquela terra”, lembra a estudante Tázia. E continua: “É imprescindível que haja esse controle, senão acaba virando uma bagunça. Se descontrolarem a ida de turistas, vai ser fácil acabar, por exemplo, com a limpeza e a pureza de lá”.

    A quantidade de hospedarias em Noronha (em torno de 110), pode parecer muita, mas o fato é que existe apenas um hotel e o restante é composto de pousadas domiciliares que possuem uma média de cinco quartos. “É um ambiente muito agradável, caseiro”, recorda Tázia. “O contato com a natureza em seu estado puro compensa qualquer custo que se cobre para curtir aquele lugar”, conclui, afirmando que pretende voltar assim que puder.  


  Informações adicionais:

*As companhias aéreas que fazem a linha Natal/Fernando de Noronha são a Trip Linhas Aéreas e a Nordeste Linhas Aéreas.

*O pacote econômico para uma visita a Fernando de Noronha inclui, em geral:

·          Passagens de ida e volta com taxa de embarque inclusa;

·          Diárias em pousada familiar com ar condicionado, tv, frigobar, banheiro privativo, telefone e café da manhã;

·          Hospedagem em apartamento duplo;

·          Traslados aeroporto FEN/pousada/aeroporto FEN;

·          Caminhada histórica ecológica;

·          Assistência de guia local.

*O pacote completo inclui, além dos itens acima, palestra de introdução à ilha e passeio de barco.

*Para maiores informações sobre história, infra-estrutura, monumentos e atrativos do arquipélago: http://www.noronha.pe.gov.br

*Para quaisquer dúvidas relacionadas a Fernando de Noronha:

·          Recife –                                   fones: (81) 426-16666 / (81) 426-1076 

                                                           fax: (81) 426-1342

                                                           e-mail: fnesar@fisepe.pe.gov.br

·          Fernando de Noronha -          fones: (81) 619-1378 / (81)619-1352

fax: (81) 619-1229

e-mail: fnepsm@fisepe.pe.gov.br


ANDRÉ F. DE SOUZA A. GALVÃO, ELISA PAIVA DE ALMEIDA, JORGE HENRIQUE T. DE LIMA MELO, MARIANA PONTES OTHON e THIAGO TAVARES DAS NEVES.