APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO UFRN FEVEREIRO 2003


RADIALISMO NA UNIVERSIDADE O QUE VAI MUDAR?

             O curso de Comunicação Social da UFRN ganhou em 2002 uma nova habilitação: Radialismo. Segundo o coordenador do curso, Newton Avelino, a escolha dessa habilitação em detrimento a tantas outras, ocorreu a partir  de uma série de fatores. Primeiramente era um sonho antigo de alguns professores e do próprio coordenador do curso. Em segundo lugar a UFRN possui estrutura física necessária  para o desenvolvimento  da habilitação. Além disso, o Rio Grande do Norte dispõe de um grande aparato comunicacional, gerando  com isso uma abertura de mercado para os novos profissionais.

            Maurício Pandoff, professor que elaborou a grade curricular  do novo curso, diz que quando o MEC  exigiu a criação de uma nova habilitação dentro do curso de comunicação, a escolha compreendia: Cinema, Publicidade Relações Públicas, Assessoria de Empresa e Radialismo. A rejeição em relação às outras habilitações se deu devido a saturação já existente no mercado de trabalho. Ele reforça: “A UNP coloca no mercado por semestre 90 alunos formados em publicidade, como se fosse saco de arroz e feijão”.

            De acordo com Pandoff, Radialismo possui todas as condições necessárias para o seu desenvolvimento: “Temos a TV e a Rádio Universitária. Apenas duas Universidades Federais têm esses dois meios de Comunicação: Pernambuco e o Rio Grande do Norte. Em maio a maior estrutura de laboratório de rádio e TV do Brasil entre as universidades federais,  estará concluída.”

            É verídica a ótima estrutura física oferecida pela UFRN aos alunos de Radialismo, mas vale salientar que há problemas a serem enfrentados, por exemplo: a carência de professores, a quantidade já existente não supre nem a necessidade de jornalismo, além do mais, muitos estão prestes a se aposentar. Maurício Pandoff concorda que abrir concurso e replica: “Temos que abrir concurso, temos que contratar novos  professores.”

O QUE ESSA NOVA HABILITAÇÃO BUSCA MUDAR?

            A onda de otimismo recai sobre todos que fazem a UFRN. Radialismo  chegou para inovar, melhorar. O coordenador Newton se espelha em projetos bem sucedidos como em SP, RS e PE onde essa habilitação existe a algum tempo e sem dúvida, é um grande sucesso. Segundo Newton, o Curso de Comunicação Social vai ser muito privilegiado com Radialismo, principalmente porque os alunos estão empolgados, são dinâmicos, querem melhorar o curso  e o mercado profissional: “Há um empenho de todos para que Radialismo receba um “A” de até dois anos de funcionamento da Habilitação para pedir o reconhecimento junto ao MEC”. E atenção alunos! Se depender do coordenador os contatos com o DAE (Departamento de Administração Escolar) já estão sendo feitos. Quando o processo for encaminhado ao MEC em menos de um ano se terá o veredicto.

            Será que com o surgimento de Radialismo a Rádio e TV Universitárias mudarão alguns parâmetros?

Ao ser perguntado se a Rádio e TV Universitárias vão abrir espaço para os alunos de Radialismo e quando, Maurício Pandoff falou convictamente: “A Rádio não pode entrar no ar com alunos. Pernambuco fez isso e a Rádio saia fora do ar nos finais de semana.  É uma Rádio , não um laboratório”.

            Pandoff é muito enfático em dizer que os alunos de Radialismo produzirão programas no laboratório que serão veiculados na rádio e na TV  “se algum aluno se destacar será contratado na condição de estagiário”. Essa contratação independe do estágio necessário que ocorrerá nos últimos semestres do curso e que abrangerá o tempo de seis meses para cada aluno.

             Em contra partida, existe opiniões mais liberais. O professor Manoel Barreto diretor do programa xeque-mate da TVU, já abre espaço para os alunos de Radialismo proporcionando experiência para o futuro ingresso no mercado . “no que depender de mim, quaisquer iniciativas tecnicamente possíveis a atividades na área de comunicação, terei o maior prazer em inseri-los”.

            Mas se alguém pensa que Radialismo não traz mudanças dentro da Universidade, engana-se. Os trabalhos, como por exemplo: produção musical, sonoplastia, vinhetas entre outros, que hoje são desenvolvidos por alunos de jornalismo passarão a ser responsabilidade dos futuros radialistas.

            O mercado de trabalho será o campo que receberá as mudanças mais significativas. A partir da formação da primeira turma de Radialismo, todo semestre a UFRN  liberará 30 profissionais  Radialistas que terão um leque de escolhas para atuar, ou seja, podem trabalhar na TV e no Rádio por meio da locução, direção, sonoplastia, edição, iluminação etc. Essa gama de oportunidade é dada ao profissional habilitado em Radialismo, pois não pensem que o nome de “Radialismo” restringe-se apenas ao rádio. Segundo o coordenador Newton, essa classificação é uma exigência do MEC. No entanto, a habilitação engloba trabalhos audiovisuais. Pandoff concorda com o caráter restritivo da palavra, e completa: “ O nome gera preconceito; preconceito esse decorrente do baixo nível de qualificação do profissional do rádio”.

            Há um grande problema a ser enfrentado pelos futuros profissionais radialistas: “O diploma do Sindicato” que é dado a qualquer pessoa que faça um curso de seis meses. Quando perguntado sobre esse assunto, o coordenador Newton exclamou: “isso é um absurdo! Um horror! Só ocorre no Brasil! Outros países como  por exemplo a Espanha ministra cursos profissionalizantes, mas são ministrados por pessoas de alto gabarito, e ainda, os alunos já tem curso superior na área.”

             Márcia Dias, locutora da 95 FM, declarou: “os cursos profissionalizantes são apenas um conhecimento superficial, não há comparação com a formação acadêmica”.

            O professor Maurício Pandoff critica esses cursos de seis meses e diz: “os que ensinam não tem base teórica, pois o que aprenderam foi através de copia.  Exemplo disso, são as rádios Fm’s;  uma imita a outra”. Pandoff tranqüiliza os alunos de Radialismo da UFRN: “Esses cursos profissionalizantes  não passam  de uma reação a formação acadêmica. Jamais esses profissionais competirão com o aluno academicamente formado”.

            Profissionais que estão no mercado sem formação acadêmica reconhece a importância do diploma universitário.  “Esse curso veio para facilitar e valorizar a vida de todo mundo”, declara  o locutor Sandro Bianque da 95 FM. Segundo ele, o Curso de Radialismo irá valorizar a profissão do Radialista. Vale esclarecer que a formação acadêmica do radialista não se detém apenas a locução como  já foi citado anteriormente.

            Portanto fica uma pergunta no ar: O que acontecerá  com os “profissionais” que exercem apenas a função de locutor, já que os formandos terão todo um aparato teórico que os deixará capaz de trabalhar em todos os campos? Sandro diz que haverá uma batalha do currículo contra a experiência: “Cada um deve conquistar o seu espaço”. Márcia Dias, também da 95 FM afirma: “os novos profissionais poderão afetar o espaço dos que não são habilitados. Mas parecerias poderão  ser feitas. Unirá a experiência dos atuantes e a teoria dos formandos”.

            Apesar do peso de uma formação acadêmica, os entrevistados concordam que diploma não dá emprego a ninguém. A legislação não garante o campo de trabalho. “É necessário se impor profissionalmente, chegar junto às empresas com projetos, fazer o que os rádios não estão fazendo, mudar o perfil do rádio norte rio grandense” desabafa Pandoff. E se essa é a função do novo radialista, nada mais oportuno que consultar a visão de alguns empresários de comunicação  sobre a formação acadêmica do radialista: Miguel Weber, diretor da rádio 95 FM: “Acho que já era tempo(...) Se faz necessário a lapidação e profissionalização dos radialistas atuantes  em Natal, beneficiando a sociedade.” Ao ser perguntado se os radialistas recém-formados terão espaço no mercado apesar da pouca experiência, ele foi otimista: “ Com certeza. A prática é muito  importante, mas a base teórica dá segurança ao profissional para prestar um melhor serviço à comunidade”. Miguel se dispõe a fazer uma parceria com a UFRN, de forma a permitir estágios aos alunos de Radialismo. 

Depois de tantas concepções expostas nessa matéria, há uma afirmação que não pode deixar de ser feita. A UFRN possui todas as condições para fazer do Radialismo um estopim para a melhoria do curso de Comunicação Social. A estrutura física – alunos e professores,  devem se unir para mudar o perfil do rádio norte-rio-grandense  e transformar a comunicação do Estado em um exemplo de qualidade.

 


PAUTA: Adriana Severo, Saviane Cruz; ENTREVISTA: Augusto James, Edivânia Duarte, Fábio Izaias, Mônica Fernandes; EDIÇÃO: Adriana Severo, Augusto James, Edivânia Duarte, Fábio Izaias, Mônica Fernandes, Saviane Cruz; EDITORA GERAL: Edivânia Duarte.