Oficina de Mídia Digital
Ensinar investigando, investigar ensinando e ensinar a investigar: o professor que não investiga não tem condições de acompanhar os progressos de sua área. É preciso interagir com o aluno, com o meio ambiente e consigo próprio.
A informática inverteu a relação pedagógica e, hoje, as dificuldades quadruplicaram: há alunos que sabem (em conhecimentos técnicos) mais que seus professores. Como fazer desse novo relacionamento de aprendizado recíproco professor/aluno algo realmente produtivo e não em uma dupla resistência à verdadeira educação?
O projeto de extensão Oficina de Mídia Digital destina-se à produção de home-pages e sites experimentais produzidos pelos alunos da disciplina de Sociologia da Comunicação (II nível) do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Durante dois anos, aprendemos a interagir (muito mais do que ensinamos) e desenvolvemos alguns webprojetos com os alunos em diferentes propostas:
Em 1999.1 - O Encantador de Serpentes e O 'Encantadores de Serpente'. Sentindo necessidade de participar do debate nacional sobre o currículo de Comunicação, sobre o aparecimento de novas habilitações e sobre o "provão", criei O Encantador de Serpentes. Nele, define-se, pela primeira vez, as diretrizes teóricas que usaríamos no "Aprendiz", a divisão metodológica entre pauta/ciência (objetividade), reportagem/arte (subjetividade) e edição/interatividade (intersubjetividade). Também nele consta um modelo de projeto pedagógico de faculdade de comunicação voltado para nova realidade tecnológica que vivemos.
1999.2 e 2001.1 - O Aprendiz de Jornalista. O jornal on line laboratório do Decom teve duas edições. Na primeira, enfocando a questão cultural e os quatrocentos anos de aniversário da cidade de Natal. Já na segunda, voltada para discussão dos problemas da UFRN e do curso de Comunicação Social. Como também ministramos a disciplina de Teoria Política, publicamos ainda os melhores trabalhos dos alunos na web, sob o nome de Espaço Público.
2000.2 - A revista Var8. Em seguida, criamos a revista Var8 (fala-se VarEITE, com o 'oito' em inglês), mais voltada para o universo cultural da cidade de Natal e menos para universidade. Também nesse período desenvolvemos em conjunto com o professor João Emanuel Evangelista, do Departamento de Ciências Sociais, o projeto de pesquisa e site Mídia e Poder.
2001.1 - Fizemos a revista TudoJunto.com.
2001.2 - Trabalhamos com a revista U-Tchimido.
2002.1 - Voltamos ao modelo do Aprendiz de jornalista, em uma terceira edição.
2002.2 - Continuamos com a proposta do Aprendiz, quarta edição.
2003.1 - Chegamos a quinta edição.
A internet desmontou o paradigma de que comunicação social seria um conjunto de teorias sem prática e o jornalismo, uma prática sem teoria. Esse paradigma dividiu durante muitos anos os professores de comunicação entre 'os egressos do mercado' e 'os egressos da academia', formando duas associações de pesquisa, e instituindo um conflito no próprio currículo entre ciência e técnica. Agora, o virtual simplesmente aboliu esse abismo paradigmático entre teoria e prática, mercado e escola, pesquisa e ensino. Por isso, trilhamos um caminho que é resultado e processo de nosso próprio aprendizado. Não seguimos nem guiamos ninguém, apenas interagimos (entre nós mesmos e outros grupos de comunicação com perfis semelhantes). E, nesse aprendizado recíproco, todos são bem-vindos.