APRENDIZ
DE JORNALISTA
JORNAL ONLINE LABORATÓRIO
DO DECOM/UFRN
A PRIVATIZAÇÃO DA CAERN
Água de privados?
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rivatização, essa parece
ser a palavra da moda entre os governistas do nosso país. Primeiro foram as
empresas de telecomunicações: os serviços mudaram, a concorrência aumentou
mas as tarifas... nem me fale! Depois
foram as companhias de energia elétrica, aliás, não se viu até hoje a cor do
dinheiro que deveria ser usado para indenizar as inúmeras pessoas que tiveram
seus eletrodomésticos queimados ou danificados pelas quedas constantes de força
nas redes de energia, e agora, mais um passo está sendo dado no desenrolar
desse desfile de catástrofes sociais: a palavra de ordem para hoje é
privatizar as companhias estatais de saneamento básico e abastecimento.
Em nosso estado, não só os políticos
como uma boa parcela da população vêm discutindo esse desfile de vendas do
patrimônio público por parte do governo, a CAERN ( Companhia de Águas e
Esgotos do RN ) está em vias de ser privatizada e entregue a grupos
particulares que visam apenas o lucro. Correntes de oposição medem suas forças
ideológicas na hora de se pronunciar sobre o caso. Segundo o senador Geraldo
Melo ( PSDB ), “depois da experiência de privatização da COSERN, que, no mínimo,
pode-se considerar infeliz, a repetição pura e simples daquele modelo seria
uma temeridade”, mas não podemos apenas temer e esperar que as coisas aconteçam
ao acaso. Seria “uma violência contra o patrimônio do povo, que traz apenas
desemprego, aumento de tarifas e queda na qualidade dos serviços”, afirma José
Williams de França – presidente do Sindágua/RN.
Considerando
que o serviço de distribuição de água é um direito inalienável do cidadão,
e que com a venda da CAERN corremos o risco de ser prejudicados em nosso direito
mais básico ( o de ter uma boa qualidade de vida ), teremos margem suficiente
para nos opormos a qualquer ação de tal espécie.
Só
que não podemos apenas cometer o erro de observar o processo da privatização
sob a ótica ideológica daqueles que se opõe, pois, examinando a questão do
ponto de vista da saúde pública, iremos perceber que atualmente a distribuição
de água e atendimento à população feita pela CAERN não anda lá essas
coisas todas. Estudos constatam que nossa cidade tem apenas 26% da sua população
atendida pela rede pública de esgotos e que menos de 1% desses esgotos são
tratados antes de serem devolvidos à natureza, ou seja, mais de 70.000 m3
( setenta mil metros cúbicos ) por dia de esgoto estão pondo em risco a
qualidade da água do lençol freático que abastece nossa cidade. Além disso a
empresa deve cerca de 98,5 milhões de reais ao INSS, CEF e a própria COSERN, o
que promove a inviabilidade da mesma para a realização de investimentos na área
de saneamento básico. O governador Garibaldi Filho ( PMDB ) afirma que a
privatização será importante na medida que vai assegurar novos investimentos
em saneamento no Estado.
Apesar
disso tudo, não podemos esquecer que, caso a privatização ocorra, ficaremos a
mercê de um monopólio. Existe apenas uma companhia de águas e esgotos
funcionando em nosso estado, já que, a existência mútua de mais de um sistema
de distribuição de água e esgoto é técnica e financeiramente inviável.
Assim não haverá concorrência e ficaremos submetidos à sede de lucro dos
donos da CAERN privada.