APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO DO DECOM/UFRN

Deficientes e Integração

           

Aline Pauxis

Irving Alves

Ubiratan Júnior

            Barreiras arquitetônicas, preconceitos, baixa auto-estima são algumas das dificuldades enfrentadas pelos deficientes físicos na nossa cidade. Desde falta de acesso à prédios de utilidade pública, escolas, teatros, meios de transporte públicos até falta de mercado de trabalho, essas dificuldades estão presentes no dia-a-dia de quem tem alguma deficiência física aparente impedindo-os, muitas vezes de levar uma vida normal, independente.

            Segundo José Abdon, Presidente da ADEFERN — Associação dos Deficientes Físicos do Rio Grande do Norte, que luta para que os direitos do deficiente previstos na lei sejam cumpridos, além de tentar colocá-los no mercado de trabalho, existem leis, tais como a que garante a acessibilidade em vias públicas que, se fossem cumpridas, facilitariam bastante a rotina de quem depende de uma cadeira de rodas, muletas ou qualquer outro artifício.

            José Abdon ressalta ainda a necessidade de encaixar os deficientes no mercado de trabalho. Para ele, quem apresenta qualquer deficiência é tão ou mais capaz do que uma pessoa aparentemente “normal” e essas pessoas estão cada vez mais em busca de qualificação, fazendo cursos principalmente na área de informática e se empregando em empresas com as quais a ADEFERN mantém convênios, como os Correios e Sebrae.

            Mas para José Abdon ainda é pouco. Na sua opinião “as empresas precisam se dar conta de que empregar deficientes físicos só traz vantagens para os lados, pois um funcionário que não apresenta limitações aparentes custa até 30% mais caro devido à isenção de alguns impostos concedida aos deficientes.”

RODA VIVA

            Uma das iniciativas louváveis para recuperar a auto-estima dos deficientes e tornar suas vidas mais ativas é a Companhia de Dança “Roda Viva,’’ que foi criada a cinco anos.

            Sandra Rejane, diretora da Companhia desde o começo do ano diz que a diferença entre uma pessoa que acabou de entrar no grupo para um veterano é notada sensivelmente. Ela diz que nota que “a maioria das pessoas que entram na Companhia no início tem medo do mundo, de sair na rua, de ser ridicularizada; além de não se achar capaz. E conforme o tempo passa, surge um sentimento totalmente oposto: o de capacidade.”

Mas o “Roda Viva” enfrenta um problema sério de ordem financeira para se manter e conseguir montar suas coreografias, já que segundo Sandra a contratação de um profissional dessa área custa no mínimo 3.000 reais. A diretora acrescenta ainda que quando a Companhia é chamada para fazer uma apresentação existe uma dificuldade para receber cachê, principalmente aqui em Natal. Os contratantes alegam “que já estão ajudando ao divulgar o grupo’’ e por isso não se acham na obrigação de pagar pela apresentação.

PRECONCEITO

            Quando o assunto é preconceito as opiniões são sempre as mesmas: “existe bastante e sempre vai existir, tanto para os deficientes quanto para todas as minorias” José Abdon acrescenta que “as minorias devem se organizar para garantir seus direitos e não serem esmagados pela maioria dominante e o preconceito deve ser driblado principalmente com a qualificação profissional, o que leva ao sentimento de ser útil.”  

            Além disso, ele diz que em muitos casos o deficiente se torna uma pessoa arrogante porque como medo de ser discriminado, subestima suas limitações e acha que pode tudo. Acabam esquecendo que todos têm suas dificuldades e se deixa levar pela idéia que devido à sua limitação aparente ele deve exteriorizar uma pseudo-capacidade em excesso ao desenvolver suas atividades.