APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO DO DECOM/UFRN

O caos do projeto ou o projeto do caos

Daniele, Hugo, 

Micarla e Antonio

        O atual campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi construído  no início do anos setenta. De lá pra cá muita água já rolou. Os  cursos aumentaram e os que já existiam, se expandiram. Esta expansão obrigou a universidade a ampliar suas instalações. Resultado: novos galpões se inserem ao projeto original desordenadamente.

            O campus apesar de estar localizado numa área nobre da cidade, não oferece atrativos para a comunidade. Que diferentemente de outras universidades, como a de Pernambuco, onde foi feita uma revitalização do campus, que não beneficiou apenas a comunidade universitária, mas as pessoas que gostam de lugares tranqüilos, limpos onde possam fazer uma caminhada com segurança.

            A própria comunidade universitária tem dificuldades de locomoção, devido a falta de sinalização. Aos calouros ou visitantes restam andar perdidos até encontrarem o lugar procurado. Não esquecendo que os acessos para deficientes são poucos, além dos galpões que obedecem as diretrizes do plano diretor da cidade do Natal os possuem, e um ou outro departamento que foi reformado. No dia que a universidade tiver um reitor portador de deficiência, sua posse fatalmente será um grande constrangimento , porque o prédio onde funciona a reitoria não possuir acessos para estes portadores de deficiência.

            Quanto à expansão dos galpões o professor Roberto Medeiros, coordenador do curso de engenharia, diz que “são construídos de forma proliferada e sem nenhum critério”. E segundo o professor, foi a partir da década de oitenta, com o aumento da demanda e a escassez de recursos, que começou  a surgir os galpões. O primeiro foi o do NPD ( Núcleo de Processamento de Dados), “’é a coisa mais triste do mundo”. Acrescenta ainda que as vias de acesso tanto de automóveis como de pedestre são determinadas pelo uso, ou seja, uma via não é planejada, se os carros começam a fazer um determinado caminho, em seguida pavimenta-se. O hábito, em detrimento do planejamento é que a determinam. Seria, digamos assim, como se legislava na antiguidade: costumeiramente.

 O professor vê ainda  problemas graves e , obviamente, costumeiros , “ o importante não é só construir, o importante é dar manutenção. E a parte de manutenção tem que ser feita, essencialmente, por engenheiros civis e até elétricos. Aqui temos, constantemente, queda de energia. Aqui funciona um curso de engenharia elétrica!” Fala isto porque “aos alunos do curso que coordena é apenas oferecido um estágio curricular obrigatório. Os estagiários participam da parte de orçamento, tem conhecimento do projeto, da execução. Agora, opinar sobre a necessidade ou não, da viabilidade ou não daquela construção específica, certamente, eles não fazem. Nem nós professores, imaginem eles!” Enfatiza. Acrescenta ainda " que isso poderia ser feito de uma forma mais organizada, por uma equipe responsável, e não é (...) as coisas são construídas aleatoriamente, sem planejamento e isso não é bom" .

O professor de paisagismo do curso de arquitetura, Eugênio Medeiros, acrescenta que é " uma arquitetura de galpão, não tem nada a ver com a arquitetura local, não se usa noção de conforto, não se usa um desenho que seja mais ligado  a realidade arquitetônica local(...), nenhuma varanda, nenhum beiral grande para evitar o sol bater diretamente nas fachadas, com isto se evitaria o uso de ar condicionado".  Na sua área, que é o paisagismo diz que  a " comunidade acadêmica está fazendo um grande esforço para conseguir melhorar o aspecto, pelo menos paisagístico, através de uma melhor seleção de plantas que vão ser plantadas, ter mais cuidados com as podas; as plantas que temos hoje têm aparência muito fria, devido as podas e estas dificilmente vão recuperar a forma original.  E queremos fazer uma substituição de plantas que são inadequadas, por plantas que melhorem os aspectos de forração para não deixarem  a área descoberta " . Além disso ressalva que os setores da própria universidade não se comunicam para a execução e planejamento de projetos e essa dificuldade de comunicação se agrava quando se trata do setor V, onde não se tem acesso aos professores, à direção e o declara como uma " torre de marfim". Não se comunicam.

O responsável por esta "arquitetura de galpão", segundo Eugênio Medeiros, é o arquiteto Luis Ricardo, que chama do "queridinho do ETA (Escritório Técnico Administrativo)", que tem cargo vitalício, "quer dizer até a morte dele, o cargo é dele (...) ele se acha o papa da arquitetura, então pode brindar a universidade até a morte dele com esse tipo de construção. Ele é o arquiteto oficial da universidade e por isso é arquitetura de galpão".

A superintendência de infra-estrutura recém-criada, em substituição a antiga Prefeitura do Campus, cujo responsável é Gustavo Coelho responde que para se efetuar uma construção, primeiro tem que haver uma solicitação do setor, que vai ao diretor do centro e só depois de decididas as prioridades e respeitando o planejamento básico de executa o projeto.  " Os alunos podem participar, temos estagiários em engenharia e arquitetura. Temos aqui vários tipos de estágios, ele pode estagiar tanto na área de projeto, como na de planejamento, que é a área de orçamento, cronogramas, etc. E também na fiscalização direta da obra", responde o superintendente.

Enquanto as dificuldades internas da universidade se sucedem, como no sistema educacional em todo o Brasil, e inserida neste universo a UFRN não passaria ilesa, à comunidade resta esperar que tudo melhore. Espera-se melhorias  na qualidade do que está sendo ensinando, e para quem não está na universidade pelo menos um lugar que venha a ser um lugar bonito para se passear.