Uma Luz do Fim do Túnel
Marlos, Marcus,
Lucas e Caroline
É de conhecimento da maioria dos universitários as dificuldades que o curso de comunicação social da UFRN tem enfrentado. “O pior curso da face da Terra”, “a vergonha da universidade” e “o curso dos perdidos” são apenas alguns pseudônimos dados à faculdade de Jornalismo, causando transtorno aos aspirantes a controladores da mídia.
Um dos pontos avaliados dizia respeito às condições físicas das
faculdades. Neste quesito a UFRN obteve um péssimo resultado fazendo, com que o
conceito final caísse de maneira assustadora. Mas tudo não teria passado de um
equívoco. Esta é a opinião de Maurício Pandolphi, coordenador dos laboratórios,
apresentador do Grandes Temas da TVU e
professor da faculdade. Para ele, o curso foi prejudicado porque o MEC não
aceitou o fato de muitas das instalações serem compartilhadas com a TV
Universitária. “O nosso curso já foi considerado um dos mais modernos do
Brasil”, disse o professor. “O MEC se atrapalhou na hora de definir os critérios
e aconteceu o que aconteceu.”
Realmente
há o que comemorar em termos de equipamentos. Só da parte de rádio e TV, os
estudantes de jornalismo podem contar com o auxílio de quatro câmeras VHSs, um
câmera profissional, duas ilhas de edição e mais estúdios de rádio e TV
completos. Todo este material está com média de cinco anos de uso, o que pode
ser considerado como novo. Há também um projeto que se inicia no segundo
semestre deste ano para tirar o curso de jornalismo do setor V do campus
e finalmente dar a ele um espaço próprio. Ocorrendo tudo como planejado, a
estrutura física do curso de Comunicação da UFRN estará no nível das
melhores escolas do país. (ver quadro)
Quanto a saber se todo este material estaria a disposição dos universitários
e se o estudante se adaptaria facilmente à nova tecnologia, Pandolphi é
bastante taxativo: “O curso forma jornalistas, e não cameramen.”
Para ele, o problema que o aluno pode vir a enfrentar é de questão
administrativa: “Pode ser que aconteça, pois já aconteceu muito, de o
funcionário responsável pelo equipamento entrar em greve ou se afastar e o
estudante ficar impossibilitado de usar os serviços a que tem direito.”
Essa
posição de Pandolphi é polêmica. Evânio Mafra, presidente do Centro Acadêmico,
discorda em parte da opinião do professor. Ele concorda que a avaliação do
MEC é equivocada. “Universidades que servem como parâmetros nacionais, como
a UFRJ, não possuem praticamente nada com relação a estrutura física e nem
por isso deixam de formar bons profissionais,” disse Evânio. Também reafirma
as palavras de Pandolphi quando diz que os equipamentos em mãos do curso são
razoáveis e atendem a demanda: “o único ponto que acho que peca é o laboratório
de imprensa onde a estrutura realmente é precária.” Porém, na questão do
conhecimento técnico do jornalista que se forma, ele tem uma outra opinião:
“o jornalista do terceiro milênio tem de conseguir cumprir com inúmeras funções,
pois o mercado cobra dele muito mais do que saber escrever um texto.”
O
principal interessado, o aluno, mesmo com o equipamento que lhe é dado, se
desdobra para seguir adiante seus estudos. Estudante do terceiro período,
Rodolfo Torres faz um curso de extensão em fotografia mas se utiliza de câmera
própria já que a estrutura do curso impede que ele faça um trabalho de
qualidade. Ele acredita que a situação física da faculdade poderia estar
muito melhor e culpa a TV Universitária por grande parte dos problemas. “Se o
aluno tivesse acesso aos equipamentos da TV, nada disso estaria acontecendo”,
disse o estudante. “A TVU não ter nenhuma ligação com o curso de Jornalismo
é tão absurdo quanto o hospital Onofre Lopes não pertencer ao curso de
Medicina.” Maurício Pandolphi defende a TV com o argumento de que existem
alunos trabalhando lá dentro, mas não menciona o fato que as vagas para tal
emprego são em pequena quantidade considerando o número de pessoas estudando
na UFRN.
Em meio a tanta dor-de-cabeça, conclui-se que o que falta ao curso de Comunicação Social da UFRN, por mais irônico que seja, é um pouco de comunicação. Seus integrantes precisam aprender a negociar com as armas que possuem e a partir delas conseguir um melhor material bélico. Somente desta maneira poderão esquecer os problemas que tanto lhes atormentam.
Curso
sem teto Tentando reverter o quadro em que se encontra o curso de Jornalismo da UFRN, estará sendo posto em prática em agosto deste ano um projeto que promete muito. Trata-se da construção de uma instalação nova ao lado da TV Universitária. Lá se encontraria laboratórios de todos os campos em que a comunicação é trabalhada: Rádio, TV, Imprensa e Internet. Haverá, também, espaço para um auditório com oitenta lugares, computadores novos, ilhas, câmeras e áudios MD, tudo digital, além de uma gráfica rápida que resolveria o problema da publicação dos jornais. Este projeto de 1997 conta com uma verba de 380 mil dólares e promete ficar pronto para o primeiro semestre de dois mil e um. O
Brasil é um país onde muitas promessas são feitas e não são
cumpridas. O temor do estudante de jornalismo da UFRN é que esse
projeto seja apenas mais uma dessas promessas. O Centro Acadêmico, a
melhor representação estudantil dentro da faculdade, vê com olhos
desconfiados toda essa movimentação. “Desde de 97 que se fala na
construção desse prédio e a cada semestre o que se vê é um novo
adiamento do início das obras”, disse Evânio Mafra, presidente do CA
e aluno do sexto período do curso. “Eu já me contentaria caso se
cumprisse pelo menos um terço do que está sendo prometido.” Para
concretizar este desejo, o CA tem usado da sua força política, já que
não tem poder financeiro. Por causa desta luta é que ocorrem inúmeras
brigas do CA para com professores que mais atrapalham que ajudam, e com
a direção da TV Universitária para conseguir com que os alunos tenham
acesso às suas instalações. A verdade é que o curso de Jornalismo realmente necessita do sucesso deste projeto. Além de não possuir instalações exclusivas para ele, o curso mantém salas de aula num setor que não lhe pertence. O Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes está sem espaço e há anos que a Comunicação Social é ensinada no Centro de Ciências Sociais Aplicadas. A conclusão deste projeto agradaria a todos: o MEC, apesar dos critérios equivocados, encontraria na faculdade os seus objetivos; os professores se encontrariam em melhores condições para dar aula; e os alunos poderiam contar com um material de alto nível e fariam valer a pena todo o dinheiro gasto com impostos. |