APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO DO DECOM/UFRN

 

EXISTE PRIVACIDADE NA REDE? 

 

José Robson Nunes e Helder Dantas - repórteres

Thiago Fernandes Garcia - produtor

Yuno Silva - editor

 

 

Com a popularização da internet o números de “plugados” que procuram um pouco de companhia virtual nas salas de bate-papo tem aumentado cada vez mais. Mal sabem eles que onde menos se espera tem um hacker preparado para dar o ‘bote’. Um dos grandes prazeres de navegar pela internet é sentir-se anônimo. Com o computador conectado à rede e o mouse na mão, o internauta lê sobre o que quiser, nos sites que escolher, quando achar conveniente, quantas vezes desejar. A viagem pode, por exemplo, começar pelas notícias de última hora, passar por um site de música, incluir uma visita a uma sala de bate-papo e terminar com a compra de um livro ou Cd em uma das inúmeras lojas virtuais que se estabeleceram na rede mundial de computadores. À primeira impressão, trata-se apenas de mais de um das dezenas de milhões de usuários da internet utilizando a rede para satisfazer suas curiosidades ou necessidades. A realidade, porém, é diferente. No mundo digital, é simples rastrear os passos de um internauta, como também usar a internet para cometer fraudes. Isso ultimamente vem se tornando um grave problema que põe em cheque a privacidade das pessoas no ciberespaço. Nos últimos tempos, a internet tem se transformado num espaço apropriado para acontecimentos de crimes e invasões que, na maioria das vezes, só são percebidos tempos depois. Essa invasão de privacidade se torna cada dia mais comum e com maior intensidade e, em países como o Brasil, ainda não existe uma forma concreta nem de punição quanto de combate a tal prática. “Não existe lei definindo crime específico praticado com a utilização da internet como instrumento. Porém, a conduta do agente pode ser enquadrada nos mais diversos dispositivos criminais estabelecidos no Código Penal e nas leis extravagantes.” Afirma o Doutor Walter Nunes, mestre em Direito pela UFPE/UFRN, Juiz federal da 2ª vara da Justiça Federal do Rio Grande do Norte e professor de Direito Penal na UFRN e ESMARN.

            Um exemplo bem claro de como a internet pode ser uma arma perigosa é o caso ocorrido aqui em Natal, onde, por vingança, um rapaz publica fotos obscenas de sua namorada na rede. O caso teve repercussão em todo o estado e atingiu fortemente a intimidade e a moral da vítima que, pelos comentários, teve que se ausentar do país na tentativa de se esconder da humilhação que lhe foi posta. Para o Dr. Walter Nunes, crimes como esse podem ser resolvidos. “A constituição protege como invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem do cidadão”. E complementa. “A calúnia, a difamação e a injúria também são crimes possíveis nesses casos e que, se constatados, pode dar detenção, independente da indenização civil.”

 

Cautela – A internet tornou mais fácil a vida de muitos usuários que hoje não precisam mais sair de casa se quiserem conhecer outras pessoas e fazer novas amizades ou, por exemplo, comprar um livro ou um Cd. Tudo isso pode ser feito apenas com os cliques do mouse, no aconchego do lar. A internet dispõe de uma diversidade de salas de bate-papo e lojas virtuais que propõem entretenimento e vantagens para o internauta. O que ninguém esperava é que todas essas facilidades pudessem se tornar numa fonte geradora de sérios problemas. Com o crescimento da internet, tornou-se fundamental tomar cuidado ao se expor demais na rede. As salas de bate-papo podem esconder inimigos desconhecidos e o uso do cartão de crédito para fazer compras on-line facilita a atuação de hackers. Há casos famosos de hackers que invadem os computadores da Casa Branca, da Nasa ou do Pentágono, só nos EUA. Em outros países não é diferente e no Brasil esse problema começa a preocupar empresas e usuários comuns e passa a ser discutido com mais importância e preocupação. “Ex-hackers” passam a se especializar na segurança de redes, prestando serviços de proteção a empresas contra seus “ex-colegas”. Eduardo Ferreira ex-funcionário de um provedor diz que está cada vez mais fácil alguém se tornar hacker. “Hoje há salas de bate-papo e sites  especializados no assunto. Oferecem downloads de programinhas que possibilitam a invasão de e-mails em sites como o BOL, por exemplo!” - completa.

“Expor-se à internet é perigoso em vários aspectos, onde se incluem a possibilidade de ofensa à imagem e à intimidade, a atuação de falsificadores de cartão de crédito, como também as irregularidades existentes nas compras, onde muitas vezes o direito do consumidor são desrespeitados pelos fornecedores”, diz o Dr. Walter Nunes.

            Existem vários casos de pessoas que foram lesadas por meio da internet. Muitos já recorrem aos juizados especiais e também à justiça convencional em busca de indenizações. E é diante desses perigos apresentados que convém ser cauteloso. A estudante de jornalismo Telma Lúcia, de 22 anos, é freqüentadora assídua das salas de bate-papo da internet e diz que é preciso ter precaução ao participar de conversas on-line. “Precisamos preservar nossa privacidade e nossa integridade”, e continua. “Não devemos nos expor demais para que não sejamos prejudicados futuramente.”

            As salas de bate-papo permitem que usuários da internet conversem on-line, alguns se expõem demais sem medir os riscos que podem estar correndo ao conversar com pessoas desconhecidas. Fornecer seu nome e endereço pode ser um convite para grandes problemas. “As pessoas que se expõem demais nos chats correm o risco de serem alvo de gozação e ou até violência. E por não sabermos com quem estamos lidando, corremos o risco de sermos perseguidos”, diz Telma. “É claro que nem todos agem dessa maneira e há aqueles nos quais podemos ter como amigos futuramente, mas é necessário bastante tempo para analisar a situação”, complementa.

            Durante um dia, em média, 300.000 brasileiros freqüentam as salas de bate-papo da internet. Em cada uma dessas é possível conversar em média com trinta pessoas ao mesmo tempo. Entre essas podem estar pessoas tímidas, carentes e pervertidas. E o anonimato é o maior atrativo. Uma nova forma de traição está surgindo, a infidelidade on-line. Essa traição virtual tem desmanchado casamentos reais pela simples atuação do acaso. O encontro casual e uma conversa bonita gera uma paixão eletrônica que pode trazer problemas no relacionamento real. “Na verdade, é difícil visualizar o crime de adultério pela internet”, explica o Dr. Walter Nunes. “A opinião predominante, apesar de algumas exceções, é ainda que o crime configura-se como ato sexual inequívoco, o que é impossível via computador.” E complementa. “Mas, no entanto, a prática de conversas ou atos que configurem infidelidade conjugal tem efeitos significativos como prova para o rompimento do casamento, caso representem ofensa á família”. Eduardo Ferreira já passou por uma experiência tragicômica com namoros virtuais, “...minha mulher nem desconfiava de minhas ‘escapadas’ virtuais, foi virando obsessão e passei meses namorando com uma garota de Santa Catarina que nunca conheci! Até que as contas telefônicas explodiram de interurbanos e não tive como esconder mais...”.    

            Noutra partida, usar cartão de crédito na internet é ir em busca de problemas. Hoje em dia tornou-se muito fácil interceptar transações on-line e acessar arquivos de empresas que vendem produtos pela rede. Essa ação deve-se principalmente aos hackers, os “piratas eletrônicos”, que penetram ilegalmente nesses arquivos para cometer fraudes. O estudante de Engenharia da Computação JFN, ou Neto, tem 23 anos e é hacker a algum tempo. Conhecedor das artimanhas de um hacker ele faz um alerta para quem gosta de fazer compras pela internet. “O problema é que ninguém pode garantir que suas informações foram arquivadas nos computadores das empresas. Por isso, as pessoas que fazem compras pela internet deveriam se preocupar com a possibilidade de que os números de seus cartões de crédito possam cair nas mãos de criminosos.” E complementa. “Acho que é muito melhor ir comprar na loja.”

            Muitos peritos afirmam que poucos são os sistemas que podem suportar os ataques avassaladores de um jovem com um computador e um fim de semana para matar o tempo. Por isso, apesar da comodidade e do conforto de fazer compras sem sair de casa está o perigo de ver a conta de seu cartão de crédito vir bem maior que o esperado. “Ainda vai demorar até que as transações eletrônicas sejam completamente seguras. O problema é que não há garantias de que os dados de uma compra são mantidos em seguro”, diz Neto. O consumidor não tem escolha senão acreditar no provedor em que faz a compra.

 

Hackers: quem são eles? – Os Sistemas de computador de todo o mundo nunca estiveram tão vulneráveis a invasões, e isso se deve a pessoas, principalmente jovens, que precisam apenas de um computador doméstico, um modem e uma linha telefônica. Podemos chamá-los de invasores ou simplesmente de hackers. São vistos como pessoas inteligentes e suas maiores virtudes são a força de vontade e a dedicação aos estudos. Outra característica notável e principal nos hackers é o prazer em invadir a privacidade de pessoas e empresas na internet. Dados mostram que a maioria dos hackers que atrapalham a internet, hoje, são jovens entre 14 e 20 anos, que estudam, não trabalham e tem um computador em casa, de onde resolvem manifestar sua rebeldia entrando em computadores alheios para, quando não roubar, destruir arquivos. “Eu já mandei alguns vírus e já entrei nos computadores de outras pessoas para deletar arquivos e ler e-mails”, conta Neto, que diz que se arrepende de seus atos. “Isso faz tempo e eu até me arrependo. Hoje, o máximo que faço é pegar senhas de provedores de outras pessoas e usar a internet de graça.”

            O mais impressionante nos hackers é a forma insistente com que coseguem invadir o mais complexo sistema de segurança, até mesmo as chaves criptográficas, que eram consideradas inacessíveis. Só hoje, quando criaram chaves criptográficas de 128 bits é que ninguém ainda conseguiu quebrá-las. Mesmo assim os hackers insistem em decifrar as senhas. E com essa experiência que adquirem, muitos se transformam em espiões industriais ou especialistas em segurança, e passam a fazer um jogo de gente grande, onde terão que entrar em sistemas de outras companhias com o objetivo de detectar seus pontos vulneráveis ou dando conselhos a empresas sobre como melhorar a segurança de seus computadores.

            Com todo um currículo contra, os hackers são vistos por muitos como criminosos, mas para a justiça eles são vistos como pessoas que se ocupam em invadir outros computadores pelo simples fato de buscar desafios. Apenas quando o ato de violação configurar dano é que é possível sua obrigação de indenizar, mas não significa que seja crime. “Apenas quando o ilicíto é previsto no Código Penal é que se pode falar em hacker como criminoso”, explica o Dr. Walter Nunes. “É preciso não confundir todos os hackers com malfeitores. Há pessoas boas e pessoas más. Algumas tem ética, outras não”, argumenta Neto. Mesmo assim, o governo brasileiro já se movimenta para deixar nas mãos do Ministério da Defesa a política de proteção e combate à ação dos piratas eletrônicos.

            Eduardo Ferreira já teve seu computador invadido por um cliente do provedor onde trabalhava: “Era um moleque de 13 anos sem ter o que fazer. Apagou todos os meus dados de três anos de trabalho!”.

Fim inevitável – O problema da privacidade na internet se torna mais complexo com o avanço da tecnologia da informática, embora se espere que significativas inovações aumentem a segurança. Só que existe uma teoria que diz que a segurança absoluta não é praticável em nenhum sistema de computadores, conectados ou não à internet.

            Cada vez mais as pessoas vão ter que se acostumar com os transtornos causados pela internet. Seu crescimento facilita o comércio e contribui para o avanço da sociedade facilitando a livre circulação de informações, mas junto disso facilita a ação dos hackers e aumenta o número de barbaridades cometidas contra seus usuários. “O fim da privacidade é inevitável”, diz Neto. “É um grande problema que por enquanto não tem solução”. Isso procupa e muito a justiça, que por enquanto não consegue encontrar um meio efetivo de combate aos crimes da internet. “Está havendo a necessidade de disciplinamento legal para criar parâmetros rígidos a fim de que o direito à privacidade, à honra e à imagem não sejam arranhados”, afirma o Dr. Walter Nunes. O direito à privacidade na internet está sendo cada vez menos honrado, mas navegar é preciso.

    Uma câmara ligada ao computador, um internauta pervertido e uma profusão de baixarias jamais vista. O exibicionismo e o sexo pela internet aumentam com o uso de câmaras menores e mais baratas. O sexo encontrado na rede, hoje, é diferente do material disponível nas vídeo locadoras ou nas bancas de revistas, o que aumenta o interesse dos internautas. Isso graças à popularização das webcams, câmaras minúsculas que ligadas a um computador podem transmitir imagens para qualquer ponto do planeta. Custam cerca de 250 reais, podem ser compradas até em hipermercados e são fáceis de instalar e usar. Como aconteceu com outras tecnologias, foi o sexo que transformou esse aparelho no mais novo objeto de desejo dos internautas. Uma das principais responsáveis pela popularização foi a estudante americana Jennifer Ringley. Ela começou a transmitir 24 horas por dia, para quem quisesse ver, sua intimidade doméstica. Instalou câmaras em diversos pontos da casa e agia como se elas não estivessem lá. Isso atraiu milhares de voyeurs, que não estavam interessados em ver sua sala vazia durante a maior parte do dia. Todos se interessavam em “flagrar” Jennifer trocando de roupa ou fazendo strip-tease em frente às câmaras. Depois disso, dezenas de sites imitaram a idéia e não demorou para que as webcams tomassem conta da internet. Mas engana-se quem acha que vai ver algo com a qualidade de um vídeo. As linhas telefônicas não permitem que as imagens sejam como na TV. O que se vê é algo parecido com uma seqüência de slides.

Qual o limite da privacidade na Internet?

   A internet é hoje o lugar do mundo onde é mais difícil ter vida privada. A cada clique do mouse você está sendo monitorado, sem saber, por quase todos os sites que você fez seu cadastro deixando seus dados. O simples clique em cima de banner de publicidade faz com que seus dados principais sejam “capturados” pela empresa anunciante e trocados a preço de ouro com outras.

Hoje o grande negócio é justamente a troca de bancos de dados de possíveis clientes entre as empresas que oferecem algum tipo de serviço ou produtos on-line. A briga por informações chega a ser mais acirrada que a própria audiência dos sites. Na posse desses dados pode-se oferecer serviços e produtos personalizados.

Rastros de seus hábitos de compras, seus interesses, suas preferências, seu estado civil a idade dos seus filhos...tudo “eles” sabem!!!

Se pararmos para pensar somos vigiados por todos os lados, também em nossa vida off-line: somos filmados em postos de gasolina e estacionamentos, monitorados por circuitos internos de segurança; sem falar no registro de todas nossas transações financeiras e simples ligações interurbanas...não temos como escapar da “perseguição” virtual.

Um recurso muito utilizado pelos sites que querem um perfil do usuário que frequenta sua página é o tal do Cookie (biscoito). Os cookies são programinhas que se instalam direto no HardDisk do usuário e identificam qual sistema operacional que você usa, seu número de IP(espécie de RG virtual) e quais são suas páginas mais frequentadas...mostram um histórico completo de seu comportamento na Web. Mas os cookies não são apenas vilões: eles fazem com que você não tenha que digitar senhas e dados todas as vezes que entre em determinado site, automaticamente o usuário é identificado e o acesso permitido. Uma forma de personalizar o conteúdo e o lay-out para cada internauta.   

Os limites do uso desses recursos de rastreamento é a grande questão atual em debate entre os usuários e empresas que usam o Internet como ferramenta de comunicação.

Um exemplo típico de monitoramento é o caso das empresas que controlam todos os acessos de seus funcionários aos computadores; sabem exatamente a que horas Fulano de Tal acessou determinado site, de que terminal e quanto tempo gastou na visita....grandes empresas já utilizam esse sistema de controle como a: Xerox, Compaq e Itautec.

Nos micros comuns nós, internautas, tivemos vitórias significativas: a idéia de grandes empresas fabricantes de softswares e hardwares era incluir um dispositivo que permitiria rastrear todos os usuários. Imaginem: o processador da Intel o Pentium III e o sistema operacional Windows 98 seriam vendidos com um “007” embutido! O tal de Bill Gates queria saber o perfil de todos os seus clientes- e olha que não são poucos que utilizam o sistema Windows. Saberia até que eu estou falando nele nesse momento!! Outras grandes empresas tentaram usar a mesma tática: a RealNetworks monitorava as preferências musicais das pessoas que usavam o RealJukeBox logo foi descoberta e teve que voltar atrás. Todas sofreram pressão da opinião pública e recuaram.

A política de privacidade começa a surgir com a ética adotada pelos próprios sites. Na falta de uma legislação especializada no assunto, ninguém saber o que é certo ou errado, por isso as “regras do jogo” tem de vir estampadas na home page. As empresas começam a perceber que respeitar e ser honesto com o internauta é um negócio muito mais lucrativo.

Começam a se popularizar programas como o TRUSTe e o BBBOnline que  certificam o uso correto das informações pessoais dos clientes pelos sites, dando respaldo e credibilidade junto aos usuários. A IBM é uma das grandes empresas que não anunciam mais em sites que não respeitem essas regras.

Como podemos perceber é impossível passar despercebido e incógnito pelo mundo virtual, só se nos tornarmos verdadeiros Eremitas Virtuais...usando certos programas como o: Freedom 1.1 e o Norton Internet Security o Eremita pode bloquear cookies, applets, JavaScript e páginas em Flash mas conseqüentemente a navegação fica mais lenta e o preenchimento de formulários seriam uma constante.

Temos que ficar cada vez mais atentos onde deixamos nossos dados pessoais para não termos problemas no futuro!