A Era
do Cibionta
Helouise Melo, Caroline Emile,
Élida
Raquel e Bruno César
Nesta era pós-moderna que estamos vivenciando, a circulação de informações restringe-se a um simples “click no mouse”, levando o indivíduo a uma rede de trocas de idéias fantástica. Este torna-se, assim, um todo globalizado numa conexão instantânea , onde não há limites territoriais, podendo se chegar a qualquer pessoa ou lugar no planeta através do chamado Ciberespaço, que permite a interação homem-máquina necessária ao crescimento intelectual da sociedade contemporânea.
Esta interação a que chamamos de Cibionta, formado pelo conjunto de cérebros humanos de redes conectadas de computadores, foi tema do Erecom 2000 (Encontro bi-Regional de Estudantes de Comunicação).
“Uma
forma emergente da simbiose entre a cibernética e o biológico”, afirma o
professor e pesquisador da UFBA, André L. M. Lemos que, juntamente com o
professor de Comunicação Social da UFRN, Marcelo Bolshaw Gomes, palestrou na
quarta-feira dia 19 de abril, abertura do encontro, sobre o referido tema.
Segundo estes, o Ciberespaço passará a desempenhar um papel central de
mediação entre as culturas de forma instantânea e reversível. Ele é, portanto, um espaço mágico, sem dimensões, que proporciona
um saber contemporâneo e reencantado. Para eles, no entanto, não é somente um
espaço imaginário formado por sonhos, mas uma nova era da qual estamos
entrando e de que não podemos ser excluídos.
Para a estudante de Comunicação Social, Katarina Emmanuelle, este tema
só foi bem abordado no primeiro dia, com a palestra dos professores citados.
Estudantes do Ceará, que também participaram do Erecom, tiveram a mesma
postura ao afirmar que o tema deveria ter sido mais explorado no decorrer
do encontro.
Contrapondo a opinião dos estudantes, Evânio Mafra, presidente do
Centro Acadêmico de Comunicação Social e um dos organizadores, defende-se:
“ Por ser o Cibionta um tema muito atual, levará um certo tempo a ser
assimilado. Portanto, procuramos abordá-lo de forma holística, ou seja, uma
visão geral do que venha a ser o tema; com ética, mídia e poder, mídia
e política, etc, mas voltado para uma concepção do ser simbiótico.”
Somando-se
a isso, o próprio tema apresenta polêmica. O professor
de Ciências Sociais, João Emmanuel, que apresentou uma palestra durante
o Erecom titulada “Mídia e Política”, no dia 20 de abril, assume uma posição
divergente a respeito do Cibionta. Ele explica que o professor André Lemos
tende a valorizar uma ruptura e a constituição de uma dimensão que seja
operada por uma lógica radicalmente distinta do mundo dos “reles mortais.”
“Eu tendo a ter uma visão mais crítica: É uma inovação, um ponto
de inflexão, mas não se tem um cancelamento, pois não se está trabalhando
com duas realidades distintas. Na verdade se tem uma ampliação das
potencialidades do homem de se comunicar com os outros. O Cyberespaço não
cancela o mundo físico, o dia-a-dia das pessoas. Eu me distancio de algumas
interpretações que vêem nisso uma ruptura absoluta, como se nós estivéssemos
ingressando em uma nova era. Isso significa dizer que nós não podemos atribuir
a essas novas tecnologias poderes mágicos. Elas vão potencializar aquilo que
é típico das relações sociais do mundo contemporâneo. Além disso, quem
utiliza essas novas tecnologias é uma camada de pessoas privilegiadas. Não
podemos cair na visão de achar que esse processo de democratização é
ilimitado.”
Portanto, leitores, a visão que tínhamos para o início do terceiro milênio,
de um mundo totalmente cibernético, ainda não se concretizou. Talvez com a
conjuntura do Ciberespaço possamos, algum dia, usufruir dessa hipótese. Mas
será que esta alcançará a todos ou seria necessária uma melhor compreensão
da situação social ? Por conseguinte, o que será que o futuro nos reserva ?