APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO DO DECOM/UFRN

Jornalismo x Publicidade

Taíze, Kenia,

 Ivana, Fernanda Souza 

Devido ao crescente ingresso de jornalistas no mercado publicitário, profissionais formados em jornalismo, que exercem trabalhos na área publicitária, esclarecem as diferenças e semelhanças,  falam do reconhecimento profissional e da questão financeira em ambas as profissões.

             No primeiro semestre deste ano foram entrevistados na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, o publicitário da Agência Art & C, colunista do Diário de Natal e professor do Curso de Jornalismo da UFRN, Cassiano Arruda e o proprietário da Agência Faz Propaganda e  professor do Curso de Jornalismo da UFRN, Ricardo Rosado.

            Distintas, paralelas ou excludentes – Na opinião do publicitário e jornalista Cassiano Arruda, as profissões de Jornalismo e Publicidade são distintas, mas ao mesmo tempo, paralelas, porque enquanto o jornalismo tem compromisso com a verdade, a publicidade também se compromete com a verdade, só que do anunciante. Por isso não julga confuso seu trabalho simultâneo como publicitário e jornalista. O mercado, hoje, exige um sujeito mais generalista e multimídia.

            Por outro lado, Ricardo Rosado é muito claro em sua posição quanto a relação entre Jornalismo e Publicidade, afirmando categoricamente que as duas profissões em questão são excludentes. “O jornalista se preocupa com a máquina de escrever, o publicitário com a máquina de calcular; o jornalista se preocupa com o verbo, o publicitário com a verba; o jornalista tem fontes, o publicitário tem clientes; o jornalista tem como matéria-prima a letra do alfabeto e a matéria -prima do publicitário é a letra de câmbio” alega Rosado, defendendo a impossibilidade do ponto de vista ético, moral e profissional, do exercício simultâneo e remunerado das duas atividades.

            Ricardo Rosado atuou como jornalista durante 15 anos e quando decidiu entrar para a publicidade e criar sua própria empresa de propaganda, resolveu abandonar a então profissão. Teoricamente continua exercendo o jornalismo, mas apenas nas salas de aula. O talento é o que vale.  O empresário de propaganda acredita que não há uma demora maior ou menor para o jornalista, em atingir uma boa estabilidade financeira, sucesso profissional e maior credibilidade. Rosado acha que o talento é o que comanda as oportunidades e chances conseguidas.

            “O jornalista pensa diferente em relação ao sucesso profissional”, diz Rosado. Para ele, o sucesso profissional do jornalista ainda é o sucesso do talento exposto, do talento reconhecido e menos o dinheiro. É o reconhecimento da intelectualidade e o talento em detrimento da questão salarial. Por ter sido presidente do Sindicato dos Jornalistas, Ricardo Rosado disse que pode fazer essas constatações, e ainda vai mais longe, ao afirmar que não vê preocupação, por parte do jornalista com seu sindicato, com sua organização. “Cada um vai lá pede seu aumento, consegue e é muito individualista na maioria dos casos. Então, não há uma regra.”, diz ele. Apesar de Rosado admitir que o publicitário pode explodir com sua criatividade, seu talento e ganhar muito dinheiro, a maioria vai ralando a vida inteira.

            Para Cassiano, o talento é imprescindível para o mundo globalizado de hoje. E, ele diz ainda que não há, necessariamente, a obrigatoriedade de um diploma. Ricardo Rosado  diz que não tem com retornar ao jornalismo “porque a publicidade já comanda todo o processo”. No início a remuneração não era tão boa, ele ganhava mais no jornalismo. Mas, hoje em dia, ele não diria o mesmo. Já Cassiano declarou que se pudesse ter a sua remuneração atual da publicidade como jornalista, ainda assim atuaria nos dois ramos.

            Água com óleo – “Quem faz jornalismo deve trabalhar no jornalismo e quem faz publicidade, trabalhar na publicidade”, exalta Rosado, no tocante às oportunidades oferecidas aos recém-formados pelas agências de publicidade e pelos veículos de comunicação. Para ele, que já levou muitos estagiários do curso de comunicação social da UFRN, para a sua empresa, quando se chega numa agência de publicidade, as coisas mudam a partir do momento em que as atividades começam a se tornar formais.Este seria o ponto chave da questão, porque os alunos de publicidade já sabem qual é o seu papel - ganhar dinheiro – já os alunos de jornalismo, apesar de conseguirem criar bons trabalhos, praticamente não conseguem clientes. “ É uma relação de cabeça, o jornalista pensa diferente dos outros.” resume Ricardo Rosado.

            Os entrevistados, que apresentam perfis profissionais semelhantes, demonstram ter visões parecidas sobre as duas profissões; embora Ricardo Rosado considere a relação entre o jornalismo e a publicidade incompatível, ao contrário de Cassiano Arruda, que acredita na exigência de um profissional multimídia. Apesar dessa divergência, os dois concordam que a publicidade oferece uma melhor remuneração e que o talento e a credibilidade são indispensáveis às duas carreiras.