APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO UFRN JULHO 2003


 

17 ANOS DE ELEIÇÕES PARA REITOR NA UFRN

 

O processo de eleições para Reitor da UFRN começou na fase de transição democrática do país, quando ainda era Presidente da Republica o então general João Batista de Figueiredo. A primeira tentativa para se implementar esse processo de consulta direta à comunidade ocorreu no momento em que estava para terminar o mandato do então Reitor Diógenes da Cunha Lima no inicio da década de 1980. As “forças democráticas” ou “progressistas”, como eram denominados os grupos da sociedade civil que então se aliavam para derrubar a ditadura que ainda vigorava, não havendo logrado êxito para o pleito que se aproximava na UFRN, concentraram seus esforços nas eleições dos centros acadêmicos. O “regime” ou “sistema”, dominante naquela época conseguiu impor o Prof. Genibaldo Barros como Reitor.

Com sua índole pacífica, o Prof. Genibaldo mostrou-se bastante receptivo às decisões da maioria e assim estabeleceu-se nos diversos fóruns a idéia de mudanças. Nesse sentido, os colegiados superiores passaram a ter um papel fundamental na administração e nas decisões políticas da UFRN. Os Centros  Acadêmicos, que sempre tiveram suas eleições para diretor defasadas uns quatro meses da eleição de Reitor, tomaram a iniciativa de faze-las através do processo de consulta direta à comunidade. As primeiras eleições diretas ocorreram em 1983, em todos os centros acadêmicos e então, o caminho ficou aberto para a próxima eleição de Reitor, ocorrida em 1986.

Essa primeira eleição por consulta direta foi rodeada de desconfianças entre os grupos políticos que pretendiam participar do pleito. As esquerdas se agruparam inicialmente em torno do GAS – Grupo de Assessoria à Sucessão, mas a insistência do pragmático PCB em impor o nome do então Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, Prof. Jaime Mariz, para encabeçar a chapa, levou a um racha e daí surgiram duas chapas: a chapa do GAS (Chapa 1) e a chapa Bom Senso (Chapa 4). A direita se aglutinou em torno do nome do então Vice-Reitor, Prof. Daladier da Cunha Lima (Chapa 2), enquanto o Prof. Adilson Gurgel tentou unir o centro (Chapa 3). Mesmo com toda essa fragmentação, ainda foi necessário que cada chapa apresentasse seis candidatos a Reitor e seis para Vice-reitor, o que significa que no primeiro turno tivemos 24 candidatos a Reitor e 24 a Vice-Reitor, cada qual mantendo votação isolada dentro de cada chapa, constituindo-se o processo de eleição num verdadeiro imbróglio.

No conjunto final das candidaturas havia duas chapas de esquerda, uma de centro e uma de direita. Concluído o primeiro turno notou-se que as duas chapas de esquerda juntas obtiveram um argumento bem superior à soma da chapa de direita com a de centro. A lógica apontava para uma vitória das esquerdas no segundo turno, pois o esperado era que a chapa de centro aportaria alguns votos para a esquerda e a avaliação era que naquele momento político em que vivíamos, quem era de esquerda não votaria nunca na direita. Como resultado final o candidato da direita, Prof. Daladier da Cunha Lima, ganhou a eleição, o que de certa forma demonstra que essa dicotomia direita versus esquerda não chegou sequer a ser percebida pela maioria dos eleitores, mesmo sendo esse eleitor um público bem qualificado, como é a comunidade universitária.

Na eleição seguinte (1990/91), concorreram dois remanescentes dos grupos de esquerda da primeira eleição, os professores José Ivonildo e Geraldo Queiroz, além da professora Tereza Neuma que foi apoiada pelo então Reitor Daladier da Cunha Lima. Foram para o segundo turno os dois primeiros, havendo ganhado a eleição o Prof. Geraldo dos Santos Queiroz, tendo como Vice-Reitor o Prof. João Felipe da Trindade. Vale lembrar que essa eleição ocorreu depois da queda do muro de Berlim, num momento político em que a esquerda andava acanhada e a direita, por puro pragmatismo, fazia questão de não se dizer de direita.

No processo eleitoral 1994/95 foram inscritas quatro chapas. A chapa Trabalho e Ética tinha o Prof. José Ivonildo como candidato enquanto a chapa Universidade com Qualidade era encabeçada Prof. Carlos Fonseca. As outras duas tinham como candidatos o Prof. Melquisedec e a Profa. Tereza Neuma. Disputou o segundo turno a chapa do Prof. Ivonildo e a do Prof. Carlos Fonseca, tendo ganho a eleição o Prof. José Ivonildo do Rego que teve como Vice-Reitor o Prof. Otom Anselmo de Oliveira. Nessa eleição voltou-se a se falar em direita e esquerda, mas de forma equivocada, pois a chapa dita de direita tinha como cabeça o Prof. Carlos Fonseca, um conservador de centro, como Vice o Prof. Geraldo Magela que sempre militou no centro esquerda e, por fim, essa mesma chapa era apoiada pelo antigo PCB.

Nessas três primeiras eleições vigorou a paridade de votos entre professores, alunos e funcionários, uma vez que cada categoria possuía 1/3 do peso na ponderação do argumento final da eleição. Esse processo vigorou até que o Ministro da Educação Paulo Renato, impôs unilateralmente o peso de 70% para os professores, 15% para funcionários e 15% para estudantes.

Já no processo eleitoral 1998/99, a sucessão do Prof. Ivonildo foi disputada por somente duas chapas num clima bastante diferente das anteriores, não havendo intensa movimentação da comunidade. Apesar do Governo FHC ter mudado as regras eleitorais, sequer houve protesto por parte dos segmentos desprestigiados. Ganhou a eleição o Prof. Otom Anselmo de Oliveira com um discurso baseado no bom trabalho desenvolvido pela gestão do Prof. Ivonildo da qual era Vice-Reitor. A Profa. Técia Maria de Oliveira Maranhão, uma ilustre desconhecida da comunidade universitária, tornou-se Vice-Reitora . O adversário foi o Prof. Uilame Umbelino Gomes que teve o Prof. Nilsen Car valho como vice.

A última eleição para Reitor ocorrida ano passado foi disputada novamente por apenas duas chapas, e as regras eleitorais do pleito foram alteradas, com peso de 60% para os professores, enquanto funcionários e estudantes participaram com peso de 40% dividido entre ambos, após protestos desses segmentos com respeito aos pesos anteriores (70%, 15% e 15%). A chapa 1, Renovação e Trabalho era encabeçada pela Profa. Arlete Araújo e como Vice o Prof. José Alzamir. Já a chapa 2, Bons Tempos, teve o Prof. José Ivonildo para Reitor na busca de seu segundo mandato, tendo o Prof. Nilsen Carvalho como Vice-Reitor.  Essa última chapa foi vitoriosa com 66% dos votos válidos, havendo o Prof. Ivonildo tomado posse no dia 28 de maio do corrente ano.

 

 


Cristiano, Danilo Guanabara, Dorifran Garcia, Eduardo Magalhães, João Ferreira e Manuel Lucas.