APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO UFRN JULHO 2003


A “onda” que invadiu Natal

Saiba o que são "Lan Houses", a nova febre da juventude natalense

Aparentemente não passa de uma simples casa de jogos eletrônicos, mas quando se entra, o que se observa é um ambiente escuro, com música alta e computadores para todos os lados. As Lan Houses são a nova mania, que vem  dominando a cabeça dos jovens natalenses.

Copiado dos “Cybers Café” esse tipo de entretenimento vem crescendo cada vez mais dentro do nosso estado, a ponto de não se saber ao certo a quantidade de casas no mercado, principalmente, porquê ainda não existe nenhuma lei ou orgão regulador para este tipo de estabelecimento. Nas Lans os jovem têm acesso facilitado a computadores e a Internet de alta velocidade, mas o ponto forte ainda são os jogos, entre os quais os violentos são os mais procurados, apesar de existirem outros tipos a disposição do usuário, que em média joga 2 horas diárias, com casos em que chega a virar uma noite inteira jogando.

        Será que este tipo de ambiente é saudável para os jovens? Os usuários dizem que sim, com o argumento de que apesar da violência dos jogos, uma pessoa normal sabe diferenciar o que é real do virtual. Mas, a maioria dos pais se preocupam com esse tipo de problema que pode vir a surgir, e também acham que esse tipo de ambiente é prejudicial, pois acreditam que os jogos como “Couter Striker”, que é o mais difundido, são de certa maneira apologia ao crime pelo fato do usuário poder escolher se quer ser um traficante no Rio, um terrorista ou seqüestrador. Pensando nisto é que a funcionária pública Lisete dos Santos, mãe de três filhos os quais jogam duas vezes por semana, decidiu procurar a ajuda de um psicólogo e ,também, conhecer o que era uma Lan House, para não tomar decisões precipitadas e saber que tipo de ambiente seus filhos estavam freqüentando.

        Já o psicólogo e também proprietário de uma Lan Edson Júnior, diz que, no geral, as Lans não oferecem tanto perigo assim, e que esse tipo de divertimento só apresenta pontos positivos. “Aqui se promove uma interação social entre os jovens, que desenvolvem a capacidade do trabalho em equipe, raciocínio, criatividade, reflexos e concentração. Sem falar que eles estão em um ambiente seguro, agradável e fazendo novas amizades, e que neste local nós não fazemos apologia as drogas, tentamos, até, fazer campanhas contra o uso.”

        Atentando para a colocação feita pela maioria dos usuários, de que “uma pessoa normal sabe diferenciar o que é real do virtual”, é impossível não se deixar de questionar se uma pessoa dita “normal” está com pleno controle e consciência sobre suas ações ao virar não só uma, mas diversas noites jogando, deixando de fazer outras coisas e, até mesmo, de estudar só por causas desses jogos? É dessa maneira que acham estar separando a realidade do mundo virtual? Sem que percebam os jovens vão se envolvendo cada vez mais nesse mundo tecnológico, se viciando ao ponto de, praticamente, passar a viverem  em função  dele como se fosse a única coisa mais interessante e divertida que podem fazer.

        Em contrapartida, a maioria os donos que foram entrevistados se dizem preocupados com os jovens que estão ali ao invés de estarem estudando, para isso, os proprietários tentam estimular os jovens criando promoções com descontos para aqueles que tiverem melhor nota.

Contudo, o psicólogo Edson Júnior adverte que é importante para o jovem ter uma boa estrutura familiar para que ele esteja situado na realidade, pois como em qualquer outro lugar, também irá surgir as boas e más influências e cabe a ele diferenciar.

Neste caso a responsabilidade em controlar o vício nesses jogos, é dividida em casa pelos pais, que devem regular a quantidade de vezes que seus filhos devem jogar, combatendo qualquer comportamento incomum.

Sabendo da atual situação de violência no nosso país, e mesmo com uma gama de informações, os jovens de hoje estão propensos a se deixarem levar pelo que está na “onda do momento”, seja por uma questão de auto-afirmação ou para se mostrarem antenados com as novidades. Neste sentido, estar alerta nunca é demais, pois é válido ressaltar que por mais que alguns proprietários estejam preocupados, outros estarão pensando no lucro que terão no fim do mês, e não com a grande possibilidade de que seu filho venha a apresentar um desvio de comportamento.

 


Paulo Correia, Leonardo Dantas, Ricardo Costa Pinto, Renata Freitas, Carla Alexandra e Larisse Emmanuele.