APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO/UFRN SETEMBRO 2002


 

Você acha que montar uma campanha política é uma tarefa simples?

 

Em tempos de eleições, você liga sua TV e se depara com propagandas eleitorais. Porém, não pára para pensar no quanto foi difícil elaborar todas aquelas imagens que passam indiscriminada-mente e quantas pessoas estão envolvidas naquele trabalho.

Mostrar esse outro lado da  campanha política não é fácil, principalmente   quando se quer colher as principais idéias e ilustrar passo-a passo o que foi realizado pelos “marketeiros”, assessores, publicitários, jornalistas e políticos.

O primeiro passo na composição das campanhas, que têm em média 3 meses de duração, consiste em detalhar as funções e seus executores. Instituindo as pessoas de maior competência no ramo, os partidos  gastam altas verbas para terem um único resultado: a eleição do seu candidato.

De acordo com Gerson de Castro, coordenador da Assessoria de imprensa da Unidade Popular, a “Assessoria de Imprensa é o setor responsável por manter o candidato na mídia”. Através da mídia impressa de linguagem direta (incluindo distribuição de cartões, panfletos, cartazes e outdoors), o marketing político mostra aos eleitores o perfil de um candidato moldado pelas pesquisas de opinião pública, de forma que o resultado dessas aparições provoque efeitos positivos e culminem para o seu êxito.

Para tanto, a equipe deve acompanhar o candidato em todas as movimentações e, posteriormente, reportar o acontecimento comumente em forma de matéria.

 

A Assessoria deve deslocar-se para o local e depois noticiar o sucesso, levando aos demais lugares a mesma sensação causada pelas realizações ”.

              Gerson de Andrade

 

        Mas o trabalho o desta equipe não pára por aí. Estes profissionais se dividem para mostrar aos eleitores o melhor perfil do candidato: pensam no que ele vai vestir, falar; definem o público alvo a ser atingido; organizam comícios e viagens; e estão sempre atentos ao fotovídeo do aspirante a cargo eletivo, para que nada chegue com uma imagem distorcida até os eleitores.

Essa estratégia pode ser confundida como uma forma de publicidade, já que só apresenta a imagem positiva do candidato. Mas, paralelo a isso, o político em questão impõe sua imagem com trabalho de campo, visitando bairros, escolas e instituições, entre outros lugares, com o argumento de que é necessário conhecer os anseios do eleitorado. No entanto, esse processo de campanha pode não ser tão forte quanto parece.

Para Jânio Vidal, jornalista e professor da UFRN, “a falta de patrocínio e de criatividade faz com que candidatos se nivelem através de uma espécie de arremeto, onde os políticos aparecem sempre nas mesmas cenas, beijando as crianças desnutridas, abraçando velhinhos desdentados, caminhando em câmera lenta, ao lado de jovens que vestem a sua camisa e não pronunciam nenhum discurso eficaz”. Nesse contexto, o candidato passa a ser mostrado e tratado como um produto que tenta atingir o maior número de consumidores, dividindo o espaço na televisão com carros, sabonetes, produtos de beleza e outros, sem conseguir mostrar, de fato, as idéias e propostas de campanha, que passam a ter um valor “inútil” e secundário.

 

Até parece que todos são um mesmo produto, com sutis diferenças em sua embalagem”.

                             Jânio Vidal

  

            A resposta do eleitor em relação às propostas e tudo que está sendo exposto, é obtida através de pesquisas qualitativas e quantitativas, as chamadas pesquisas mercadológicas, que medem a aceitação e rejeição do candidato. Segundo o mestre em ciências políticas, o professor Paulo Vadas, “essa é a melhor forma para um candidato impactar o eleitor”, pois a partir delas, o político passa a falar e agir da maneira que o povo acha conveniente, dizendo aquilo que o eleitor quer ouvir. Mas é importante que exista um retorno, pois caso isso não aconteça, o resultado pode não ser o esperado, e o candidato pode ter prejuízos nas urnas.

            Enfim, como disse Ewerton Dantas, repórter da Assessoria de Imprensa da Unidade Popular, “todo esse marketing político funciona como voz do candidato, respondendo ou atacando conforme o momento exige. Porém não apenas no veículo da situação, mas buscando atingir todos os lugares onde a imagem possa ter sido violada”.

  


Luiza Pámela (editora); Mariana Pinto (repórter); Cibele Janine (repórter); Sílvia Queiroz (produtora); Flavia Freire (editora); Mariele Leite (produtora).