Alexandro Carlos de Borges Souza (*)
Sun Tzu, por volta do ano 400 antes de Cristo, apresentou seu livro para Ho-lü, ou Wu Helu, rei do pequeno povo semibárbaro de Wu. O rei, após ler os treze capítulos, chamou Sun Tzu e elogiou seu trabalho. Perguntou se era possível utilizá-lo com suas tropas. Sun Tzu respondeu com alegria que sim. Depois perguntou o rei, em tom de zombaria, se poderia aplicá-lo às mulheres. O general, ressentido, disse sim.
O rei imediatamente mandou reunir suas 180 concubinas no pátio do palácio e lhes deu armas. Sun Tzu dividiu-as em dois grupos, liderados pelas duas favoritas do rei, que a tudo assistia do púlpito. E então perguntou:
- Vocês conhecem as posições "frente", "esquerda", "direita" e "retaguarda"?
- Sim. Responderam as moças, que estavam dispersas e riam da situação.
- Ótimo, pois quando eu disser "frente" olhem para frente. Quando eu disser "esquerda", "direita" e "retaguarda" olhem nessas direções. Façam o que eu mandar. Está claro?
Mas uma vez, as moças responderam que sim por entre os risinhos.
Sun Tzu sinalizou para a guarda e falou:
- Estejam prontos para punir quem me desobedecer. - Os guardas prontamente desembainharam suas espadas.
O general levantou sua bandeira e sinalizou, gritando a plenos pulmões:
- Frente!. - As concubinas desataram a rir, displicentes. Sun Tzu refletiu:
- A incapacidade de dar ordens claras é uma falha do comandante. Explicarei novamente. Quando eu disser "frente", "esquerda", "direita" e "retaguarda", olhem nessas direções.
Levantou novamente sua bandeira e apontando para o lado gritou:
- Esquerda!
As moças desataram a gargalhar.
Sun Tzu falou:
- A incapacidade de dar ordens claras é uma falha do comandante. Mas quando elas são claras, a culpa é dos soldados.
Assim, ordenou aos guardas:
- Matem quem me desobedeceu! Poupem as moças, mas não suas líderes!
As moças, acuadas, pediram piedade ao rei, que interveio:
- Sei agora que você é um bom comandante, mas não gostaria de perder minhas concubinas favoritas. Deixe-as ir, não as mate. - Pediu o rei, animado com a cena.
- Não. - Retrucou Sun Tzu - Como comandante, não posso aceitar interferências no comando das tropas.
Virou-se para os guardas e ordenou:
- Executem-nas em público! - E os soldados, sem o menor traço de piedade, obedeceram. O rei e as concubinas assistiram ao espetáculo aflitos.
Sun Tzu escolheu mais duas moças para liderar as tropas e orientou-as novamente. Desta vez nenhuma moça ousou rir e todas elas marcharam de acordo com o rufar dos tambores.
O general dirigiu-se ao rei e exortou:
- Elas agoras estão treinadas e prontas para a inspeção, majestade. Podereis usá-las como bem entender, estão prontas para realizar a tarefa mais difícil em vosso nome.
O rei, contrariado, retirou-se. Mas reconheceu o gênio de Sun Tzu e nomeou-o General de suas tropas. Neste período o pequeno estado Wu anexou os reinos ao norte e oeste, transformando-se numa grande potência graças aos feitos de Sun Tzu.
HISTÓRICO
Sun
Tzu, também conhecido como Sun Zi ou Sun Wu, natural do estado de Ch'i, viveu
durante o período histórico da China conhecido como o dos "Reinos Combatentes"
(476-221 a.C.). O primeiro registro da obra foi feito pelo famoso historiador
chinês Ssu-Ma Chien por volta do ano 100 a.C. Obra seminal entre os
"clássicos marciais", A Arte da Guerra foi estudada por centenas de oficiais
chineses e japoneses durante séculos a fio. Os grandes generais tinham como
costume incluir notas e comentários aos versículos do livro, que foram sendo
acrescentados à cada nova versão, até consolidar a considerada padrão, datada
do fim do século XVIII.
Somente em 1772, por intermédio da tradução para o francês do padre J. J. M. Amiot, o ocidente pode ter acesso ao texto integral de A Arte da Guerra e é bem possível que tal publicação tenha caído nas mãos de Napoleão. Hoje é impossível existir uma escola militar que ignore seu conteúdo. Era o "livro de cabeceira" de Mao Tse Tung.
Se existe um propósito no qual toda a evolução tecnológica do homem é empregada com mais afinco, certamente é na criação de artefatos bélicos. É de espantar-se então que toda academia militar que se preze tenha como leitura obrigatória uma obra escrita quatrocentos anos antes de Cristo, quando os homens guerreavam com armas tão rústicas quanto espadas, flechas, paus e pedras.
Como explicar a longevidade de uma obra como A Arte da Guerra, do general chinês SunTzu, se os instrumentos de batalha evoluíram tanto no espaço de tempo entre o surgimento deste texto milenar e os nossos dias?
Uma pista estaria na maioria dos tratados militares feitos pelos gregos e romanos, que sempre tiveram a preocupação de discutir uma estratégia em particular, ou de resolver um problema de ordem tática. Eles discutiam planos mirabolantes que se aplicavam a uma única situação, como os estratagemas propostos por Arquimedes. Sun Tzu garantiu seu espaço na posteridade ao observar os aspectos constitutivos da guerra, seus elementos formadores. Ateve-se aos pontos que são comuns a todas as batalhas e com isso foi além de todas elas.
O autor usa como ponto de partida o importante papel que a guerra desempenha na vida social, sendo a causa da desgraça dos povos. Analisa sua influência na economia e observa o quanto ela é prejudicial ao povo; como general, sabia o quanto a manutenção das tropas custava ao Estado e como a passagem das tropas aumentava a inflação nas províncias. Assim, é do interesse de todos que o conflito, quando necessário, seja resolvido de maneira sucinta, diminuindo a extensão dos danos que invariavelmente provoca.
A partir daí, Sun Tzu avalia que elementos devem ser levados em consideração pelo general na busca pelo êxito, salientando sempre a constante necessidade de avaliação da situação estabelecida e de planejamento do passo seguinte. O centro da estratégia é deslocado para o inimigo. Uma vez que sempre os mesmos fatores (terreno, clima, disciplina, comando e moral) devem ser examinados sob a luz das situações possíveis, cabe ao general observar o cumprimento de tais diretrizes e esperar que o inimigo deixe de realizar uma delas para atacar. Só através de toda essa preparação uma nação poderia tornar-se apta a entrar em um conflito armado e obter chances de vitória.
É interessante notar como o general chinês e Maquiavel aproximam-se por caminhos opostos. Como gênio militar, Sun Tzu observa a necessidade da política no jogo da guerra. Já o pensador italiano parte da política para perceber o jogo da guerra. Ambos consideravam a dissimulação um elemento essencial no trato com os inimigos. Vale salientar que dificilmente Maquiavel teve acesso ao texto chinês, visto que a primeira tradução de A Arte da Guerra no Ocidente só viria a aparecer em 1772.
A questão da espionagem, que é fortemente defendida na Arte da Guerra, tem o embasamento lógico de que numa guerra necessita-se de informações, de fontes seguras, sobre o inimigo. Sun Tzu utiliza-se do artifício maquiavélico dos "fins que justificam os meios" para poder passar por cima do forte código moral da época e legitimar o ardil.
Outra área que também foi explorada de maneira afim foi a Psicologia Social, através de uma série de atitudes a serem tomadas no trato com as massas, tendo em vista um efeito em particular. Se por um lado Maquiavel orienta de que maneira o governante deve lidar com os súditos, Sun Tzu preocupa-se com o que deve fazer um general para ser respeitado e temido por seus subordinados e opositores, além de ensinar a reconhecer o verdadeiro estado emocional reinante entre as tropas. Estas são as semelhanças mais significantes entre as obras.
Aos olhos de hoje, tais idéias nos parecem arrojadas. Agora, imagine que avanço significaram entre os povos semibárbaros que habitavam a China de 2.400 anos atrás, onde guerras poderiam ser provocadas por uma simples desfeita, movidas pelo ímpeto.
Pode parecer estranho querer relacionar o Tao ao tema da guerra. Mas se levarmos em consideração que o Taoísmo é a base da sabedoria popular chinesa, veremos que o princípio deste pensamento permeia toda a construção de A Arte da Guerra.
Os dois livros provêm do mesmo período histórico da China Antiga; poderia-se contra-argumentar que A Arte da Guerra tem como objetivo o ensino de um ofício do mal. Algo, aliás, que realiza tão bem que até hoje é utilizada com esse fim. Ora, o Tao Te King, livro que contém a essência do pensamento taoísta, diz:
" Quando todos reconhecem o bom como bom, isso em si mesmo é mau."
O oposto também é perfeitamente aplicável à essência da guerra. Se ela é de todo o Mal, em si mesma será o Bem. Uma vez que a perspectiva é de inevitabilidade do conflito, o total domínio de sua dinâmica permite a realização somente do mal estritamente necessário. O bem residirá na concretização de um mal menor.
Levando adiante essa política dos opostos sugerida pelo Tao, Sun Tzu considera que o exército sempre deve aparentar o contrário do que é. Parecer incapaz para ser capaz, parecer inativo para ser ativo, etc. Ter sempre uma visão espelhada. Assim, um general não constrói uma estratégia, ele destrói a do inimigo.
Ao descrever como deve agir um general, Sun Tzu aproxima-se mais e mais do conceito que o Tao Te King descreve de um sábio, idealizando a figura do militar. "Se podemos compreender e abranger o todo, somos capazes de fazer justiça", diz o Tao. Esse é o princípio de A Arte da Guerra, o domínio total dos elementos envolvidos. O general deve ser discreto, humilde, indiferente aos seres em prol de um objetivo superior. É um bom diplomata e um bom administrador, além de ser um bom guerreiro.
A guerra desenvolve-se, a partir desses pontos, como uma resposta natural às situações impostas. O preparo ideal das tropas permite que se lute visando o erro do inimigo, ou mesmo provocando-o com antecedência. É o ensinamento taoísta de só agir no momento oportuno.
Outros aspectos, como a natureza aforística da obra, contribuem para sua beleza e força metafórica, fazendo a Arte da Guerra ultrapassar os limites do tempo, tendo influenciado grandes líderes como Mao Tse Tung e Napoleão, e quebrar as barreiras do gênero, visto que o livro é empregado hoje em dia no treinamento de jovens executivos, sendo constantemente adaptado também para outras áreas do conhecimento.
RESUMO DA OBRA
Capítulo I - Estimativas ou Cálculos
A
guerra é um assunto de vida ou morte para um Estado, deve então ser seriamente
estudada.
Cinco fatores são fundamentais:
1) A moral: um soberano
deve ter a confiança de seu povo para conseguir levá-lo à guerra e arriscar
suas vidas.
2) O clima: compreensão e bom uso das estações do
ano.
3) O terreno: as condições físicas da geografia local, o cálculo
das distâncias.
4) O comando: as cinco qualidades básicas de um
general, a saber, a coragem, o rigor, a sabedoria, a sinceridade e a
humanidade.
5) A Doutrina: tudo que concerne à manutenção e
administração das tropas.
O conhecimento desses cinco fatores
possibilitará a previsão de que lado vencerá. Aquele que melhor souber usá-los
poderá criar situações que o levem à vitória.
Sete cálculos respondem sobre
a vitória.
1) Quem pode unir povo e exército?
2) Quem tem um
melhor comandante?
3) Quem tem vantagem sobre o terreno e o clima?
4)
Quem pode garantir mais ordem e disciplina?
5) Quem tem um exército
superior?
6) Quem tem homens mais treinados?
7) Quem tem um sistema mais
justo de recompensa e punição?
Com muitos cálculos pode-se vencer, com
poucos não. Mas sem eles as chances são nulas.
Toda guerra baseia-se no
ardil, um bom comandante sempre dissimulará as suas reais condições com o
intuito de ludibriar o inimigo e criar as condições de
vitória.
Capítulo II - A Condução da Guerra ou
Planejamento
Os custos de uma guerra são muito elevados para
qualquer Estado, a manutenção das tropas por longos períodos de tempo leva um
reino à ruína. Assim, a chave da guerra está na vitória e não na sua
prolongação.
Capítulo III - Estratégia Ofensiva
Na
guerra, o objetivo é tomar o Estado intacto. A habilidade consiste em derrotar
o inimigo sem lutar.
Portanto deve-se primeiro atacar a estratégia do
inimigo; em seguida deve-se romper as alianças dele; o melhor passo seguinte é
atacar seus exércitos.
A pior atitude é cercar uma cidade, pois isso
consome recursos e tempo.
Aquele que consegue tomar o império
intacto, não cansa suas tropas e domina a arte da estratégia ofensiva.
No
uso das tropas assim é que se deve proceder:
a) Quando suas tropas
estiverem na proporção de dez para um em relação ao inimigo, cerca-o.
b)
Quando tiver cinco para um, ataca-o.
c) Se a força dele é o dobro da sua,
divide-o.
d) Se sua força for numericamente mais fraca, certifique-se da
possibilidade de retirada.
e) Havendo equilíbrio de forças, vá à combate.
Prevalecendo a igualdade, tente enganá-lo.
O comando das tropas cabe
exclusivamente ao general, existem três modos de um governante atrapalhar seu
exército:
a) Quando não sabe quando atacar ou recuar e interfere nas ordens
do general.
b) Quando ignora os assuntos militares e se intromete na
administração dos exércitos.
c)Quando participa do exercício da
responsabilidade, dividindo a cadeia de comando e confundindo os
oficiais.
Existem, assim, cinco modos de ganhar:
a) Saber quando
combater ou não.
b) Saber utilizar a força máxima de um exército, numeroso
ou não.
c) Possuir tropas firmes no apoio ao seu comandante.
d) Ser
prudente e aguardar uma imprudência do inimigo.
e) Possui generais hábeis e
independentes.
Estas cinco matérias, garantem a vitória, pois aquele
que conhece a si e ao inimigo, será invencível; aquele que conhece a si mas
desconhece o inimigo terá chances iguais de vitória e derrota; aquele que
desconhece a si e ao inimigo, corre risco constante.
Capítulo IV -
Disposições ou O Poder da Defesa
Os homens letrados na guerra podem
fazerem-se invencíveis, mas não podem ter certeza da vulnerabilidade do
inimigo. Assim, é possível saber vencer, mas não se garante conseguir
vencer.
A invencibilidade reside na defesa; a possibilidade de vitória, no
ataque. Aquele que está em inferioridade de forças, defende-se; aquele que é
superior, ataca.
Quem domina os elementos da arte da guerra, não será
aclamado por suas vitórias no campo de batalha, pois vence sem cometer erros,
combate um inimigo já derrotado. Isso o vulgo não compreende, nem valoriza. O
perito se torna primeiro invencível e espera a falha do inimigo.
Os
elementos da arte da guerra são:
1) A medida do espaço: possibilita o
cálculo dos custos.
2) O cálculo dos custos: garante as estimativas de
forças.
3) As estimativas: levam à comparação das forças.
4) As
comparações dos números, possibilitam o cálculo das probabilidades de
vitória.
5) As probalilidades de vitória. Assim um exército luta como a
água que corre do desfiladeiro.
Capítulo V - Energia ou
Formação
Dirigir muitos é o mesmo que dirigir poucos, é uma questão
de organização.
Do mesmo modo, comandar muitos é o mesmo que comandar
poucos, é uma questão de comunicação.
Numa guerra, os exércitos se valem de
ataques diretos e indiretos (ataques-surpresa). Mesmo só existindo esses dois
tipos, suas combinações são infinitas. Aquele que bem souber usá-los e
neutralizá-los será imprevisível como o céu e a terra e inexaurível como os
grandes rios.
O exército que se mantém em prontidão, será mortífero ao
desferir o golpe. O general que for habilidoso extrairá a vitória da situação,
aproveitando o potencial de seus homens, mas jamais atribuirá o fardo da
vitória unicamente a eles. Utiliza seus homens como quem rola pedras e paus da
ribanceira.
Capítulo VI - Pontos Fortes e Fracos
O bom
general deve ocupar o campo de batalha antes do inimigo. Aquele que primeiro
toma a iniciativa leva vantagem. Atraia o inimigo para onde deseja que ele vá.
Faça ameaças para que ele não chegue onde deseja ir.
Se o opositor
estiver tranqüilo, agite-o; se alimentado, faça-o passar fome; se imóvel,
faça-o mover-se. Esgote-o, depois confunda-o. Enquanto o inimigo divide-se,
devemos nos concentrar.
Quem tem poucos prepara-se para o inimigo; quem
tem muitos, força o inimigo a prepara-se contra ele.
O exército é como
a água, ataca os fracos e evita os poderosos. Molda-se a situação do inimigo
como a água ao terreno. Assim como a água não tem forma constante, também a
guerra comporta-se desta maneira.
Capítulo VII -
Manobra
Quando tropas se movimentam, devem tornar o caminho
tortuoso no mais direto. Deve-se tomar uma rota indireta e lançar uma isca
para o inimigo. Assim é possível sair depois e chegar primeiro ao campo de
batalha. Mas deve-se ter em mente que tanto a vantagem quanto o perigo são
inerentes à manobra.
Tropas que se movimentam com todos seus
equipamentos e provisões são lentas. Se partir e deixar para trás suas
provisões, andará mais rápido, mas poderá perder sua bagagem. Tropas que
movem-se rapidamente, sem suas bagagens e sem descanso, chegarão mais
rapidamente, porém se desorganizarão. Os mais fortes deixarão os mais fracos
para trás e somente um décimo das tropas chegará ao campo de batalha. Não se
vence uma batalha onde se entrou rapidamente. Um exército sem provisões se
esgota.
Aquele que conduz o exército deve conhecer as condições das
montanhas, dos desfiladeiros, das florestas, dos pântanos e dos brejos para
ter sucesso. Aquele que não usa guias locais não terá acesso às vantagens do
terreno.
Na velocidade, sê rápido como o vento. Na quietude, silencioso
como a floresta. Na agressão, feroz como o fogo. Na defesa, incólume como a
montanha. Ao esconder-se, sê como as nuvens negras; ao atacar, como um raio.
Capítulo VIII - As Nove Variáveis
Não acampe em terrenos
baixos.
Não ignore a diplomacia em terreno aberto (comunicante).
Não
permaneça em terreno desolado.
Em terreno fechado, planeje uma fuga.
Em
situação desesperada, lute até a morte.
Há estradas que não devem ser
seguidas.
Há momentos em que não se deve capturar o inimigo.
Há cidades
que não devem ser atacadas, territórios que não devem ser disputados.
Há
ocasiões em que as ordens do comandante não devem ser seguidas.
Mesmo
aquele que conhece o terreno, fracassará se não conhecer as nove variáveis.
Sempre deve levar em contra os fatores favoráveis e desfavoráveis.
Na
guerra, não se deve esperar que o inimigo venha, mas estar pronto quando ele
chegar. Não presumir que ele atacará, mas tornar-se invencível
antes.
Existem cinco fraquezas que devem ser evitadas num comandante.
Quando é descuidado, é fácil matá-lo. Quando é covarde, é fácil capturá-lo.
Quando é irascível, é fácil provocá-lo. Quando é honrado, é fácil insultá-lo.
Quando é benevolente, é fácil preocupá-lo.
Capítulo IX - Marchas ou
Mobilização
Ao posicionar tropas fique longe das montanhas e perto
dos vales. Ocupe a parte mais alta do terreno. Nunca lute montanha acima. Essa
é a estratégia para regiões montanhosas.
Ao atravessar um rio,
distancia-se da margem rapidamente. Nunca ataque quando o inimigo estiver
atravessando o rio, espere que metade de suas tropas tenha atravessado para
atacar. Não espere o adversário perto da margem, busque o terreno próximo mais
elevado. Essa é a estratégia para regiões de rios.
Num terreno
pantanoso, atravesse-o rapidamente. Ao encontrar o inimigo, estejas perto da
grama e com a floresta às costas. Essa é a estratégia para o
pântano.
Num terreno plano, posicione sua retaguarda e o flanco direito
no terreno mais alto. Essa é a estratégia para regiões planas. Eis os quatro
tipos de guerra.
Quando os emissários são humildes, mas os preparativos
continuam, o inimigo avançará. Quando as tropas mostram-se apressadas e o
emissário é arrogante, o inimigo se retirará. Quando os emissários são
bajuladores, deseja-se uma pausa. Se, sem alguma razão, pedem trégua, é porque
planejam algo.
Capítulo X - Terreno
Há os seguintes tipos
de terreno:
O terreno fácil é uma área acessível para você e para seu
inimigo. Aquele que ocupar sua parte mais alta e guardar a via de
abastecimento levará vantagem.
O terreno difícil é área que é fácil de
entrar e difícil de sair, é simples atacar tropas que não estão preparadas
neste terreno. Aquele que bloquear o caminho de saída terá vantagem.
O
terreno neutro é aquele em que é complexo tanto para você como para o opositor
lançarem a ofensiva. Deve-se bater em retirada neste terreno e esperar que o
inimigo o persiga para se poder atacá-lo.
O terreno estreito nunca deve ser
atacado se já se tiver armado sua defesa, mas se não estiver pronta é possível
atacá-lo.
No terreno íngreme deve-se ocupar a parte mais alta primeiro e
aguardar o inimigo.
Em terreno distante é difícil tomar a iniciativa de
combate para ambos os lados.
Estes seis tipos de terreno devem ser
estudados e compreendidos por todos.
Existem erros de comando que podem
desestabilizar um exército:
Uma força equilibrada porá uma força dividida
em fuga.
Soldados bem treinados comandados por oficiais fracos geram
insubordinação.
Chefes rigorosos e soldados fracos geram o colapso no
exército.
Soldados vingativos e desobedientes levam o exército à
destruição.
Quando os soldados não tem disciplina e as ordens não são
claras surge a desorganização no exército.
Quando o comandante é incapaz de
avaliar o inimigo e o enfrenta em desigualdade, o resultado será a debandada
das forças.
Essas seis causas de derrota devem ser estudadas e o comandante
deve ser responsabilizado.
O bom general é a principal jóia do estado.
Pois ele sabe considerar esses fatores.
Capítulo XI- As Nove
Variedades de Terreno ou As Nove Situações Clássicas
Quando se luta
dentro do próprio território, esta é uma situação cômoda. Não ataque antes que
o inimigo tiver penetrado bastante em seu território.
Quando se luta em
território inimigo mas não se avançou bastante, esta é uma situação simples.
Nesta situação, nunca pare de avançar.
Um terreno de ocupação vantajosa
tanto para mim como para o inimigo está numa situação crítica. Deve-se sempre
avançar primeiro e nunca atacar se o inimigo estiver na vantagem.
Um
terreno acessível para ambos estará numa situação aberta. Nele também é melhor
avançar primeiro e fortalecer as defesas e comunicações.
Um terreno que
oferece fronteira com vários Estados encontra-se numa situação de controle.
Nele deve-se usar da diplomacia para fortalecer os vínculos com os estados
vizinhos.
Quando se luta bem no interior do estado inimigo e se deixou para
trás muitas cidades inimigas esta é uma situação séria. Certifique-se que não
faltará provisões.
Lutar em terreno pantanoso, de altas florestas ou de
desfiladeiros, está-se numa situação perigosa. É mister nunca permanecer mais
do que o necessário.
Lutar em terreno de acesso estreito e saída distante
caracteriza uma situação difícil. Planeje como sair de uma armadilha.
Um
terreno onde a única chance está na batalha, cria uma situação desesperada. A
única saída é lutar até a morte.
Aquele que tem uma boa estratégia
ataca por todos os lados.
Evita a comunicação entre as tropas inimigas,
confude-as. Ataque quando for favorável.
Se atacado por inimigo
superior, descubra que ponto ele visa e ocupa-o com todas as suas forças. Ele
cederá.
Aproveite-se do despreparo do inimigo, mova-se em direções
inesperadas e ataque locais desprotegidos.
Lembre-se, na guerra a
velocidade é crucial.
O bom líder militar comanda um milhão de homens
como se comandasse um só.
E num campo de batalha dispõe as tropas de modo a
não haver outra saída senão lutar pela própria vida.
Atraia o inimigo sendo
tímido como uma donzela. Depois ataque-o rapidamente como uma
lebre.
Capítulo XII- Ataques com Fogo
Há cinco métodos
para ataques com fogo. O primeiro é atear fogo nas tropas inimigas. Depois, em
suas provisões. Em terceiro, queimar seus transportes. Quarto, seu arsenal e
por último suas vias de abastecimento.
Em uma guerra só os
interesses do Estado contam. Um governante não deve declarar guerra por estar
encolerizado. Um general não pode ir à guerra por estar ressentido. Pois um
homem zangado pode tornar-se feliz. Um homem pesaroso pode ficar satisfeito.
Mas um país destruído não pode ser recuperado. Um homem morto não pode
reviver.
Capítulo XIII - O Serviço Secreto ou O Emprego de Agentes
Secretos
Considerando os custos que a guerra traz e o tempo que ela
consome, é imprudência recusar-se a comprar informações sobre o opositor.
É
impossível vencer sem ter informações prévias do inimigo. Elas não podem ser
obtidas através de conjecturas, superstições ou forças sobrenaturais. Só podem
ser obtidas com aqueles que conhecem bem a situação do inimigo.
Os cinco
tipos de espiões. O espião local é o camponês nativo. O espião interno é
aquele que é oficial do inimigo. O espião convertido é aquele que servia ao
inimigo e foi comprado. Espiões mortais são aqueles que sacrificamos dando
informações falsas ao inimigo. Espiões seguros são aqueles que podem retornar
para relatar as informações coletadas.
Nenhum oficial é mais querido
que o espião. Nem melhor recompensado. Ele desfruta da confiança do
comandante.
Apenas os generosos e humanos obtêm todas as informações de um
espião. Apenas os cautelosos e engenhosos podem precisar a exatidão das
informações recebidas.
Planos de espionagem revelados antes de postos
em prática devem ser punidos coma morte do espião e do informante.
BIBLIOGRAFIA:
TZU, Sun. A Arte da Guerra. Coleção Leitura. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1996.
TSE, Lao. Tao Te King. versão de Paulo Condini. São Paulo: Lemos Editorial, 1998.
(*) Alexandro Carlos de Souza é um promissor estudante de Comunicação Social da UFRN.