APRENDIZ DE JORNALISTA
JORNAL ON LINE LABORATÓRIO/UFRN SETEMBRO 2002


 

Radialismo, uma nova habilitação

 

O curso de Comunicação Social da UFRN vem passando por algumas transformações. No vestibular de 2002, por exemplo, o candidato teve a opção de escolher entre duas habilitações, Jornalismo ou Radialismo. Mas o que mudou? O que é Radialismo? Tem o DECOM condições de implantar uma nova habilitação? Você sabia que poderá optar por projetos pedagógicos diferentes?

        Na maioria das vezes o calouro de Radialismo se surpreende ao descobrir já na universidade a abrangência do curso. Geralmente acredita-se que o curso irá preparar o aluno para desenvolver trabalhos exclusivamente em rádio. Porém, ao descobrirem que serão “formados” para trabalhar também em televisão, ficam mais motivados com o novo universo de possibilidades  que parece se configurar.  

        É uma boa surpresa e necessária pois quando ele começar o curso os primeiros semestres serão fundamentalmente teóricos, com poucos exemplos de um grande ou pelo menos bom professor.

        Ao começar a acompanhar e compreender a real estrutura da universidade publica, precisará sem dúvida nenhuma, de motivação para continuar o seu curso, superando obstáculos e principalmente, perseverando.  

        Nessas horas, poderá o aluno buscar e encontrar no texto original do projeto pedagógico do curso, inspiração e forças para o prosseguimento da batalha pois o mesmo, apresenta idéias bastante otimistas e propõe a implementação de um projeto enxuto, adequado às necessidades de mercado, sem esquecer de suas deficiências, e que, se executado contribuirá substancialmente para a formação de profissionais mais competentes e qualificados.

        Por tudo isso, torna-se relevante destacar a área de atuação do comunicador habilitado em radialismo, esclarecendo, informando e diminuindo, assim, o número de surpresas após iniciado o curso e para que se possa saber ao menos os objetivos específicos de cada habilitação:

        Aqueles que optarem por Jornalismo, por exemplo, deverão ao longo do curso, desenvolver suas habilidades para estarem aptos a trabalhar na apuração, interpretação, registro e divulgação diária/periódica de fatos sociais para veículos de comunicação e instituições caracterizadas como empresas de informação jornalística. Já o futuro comunicador  que passar pelo curso de Radialismo deverá ingressar no mercado de trabalho com a condição de realizar atividades voltadas a criação, produção, direção e programação de audiovisuais, demonstrando pleno domínio técnico, estético e expressivo, para atuar em emissoras de rádio, de televisão ou instituições e organizações similares.

        Alheios a estas informações e sem terem conhecimento da estrutura curricular do curso, os alunos de Radialismo opinam:

Grupo – Antes de ingressar no curso, você já sabia exatamente do que se tratava ?

Gibran – Não exatamente. Tanto eu como meus colegas não sabíamos exatamente do que se tratava, inclusive foi novidade para  nós sabermos que poderemos trabalhar tanto com rádio como com TV pois a maioria achava que trabalharíamos exclusivamente com rádio.

        A mesma idéia é compartilhada por Roberto Correia Cabral de Lima, 23 anos, aprovado para o segundo semestre de Radialismo. Para Roberto o fator determinante para sua escolha foi a possibilidade de trabalhar com rádio, seja com locução, redação, edição, operação ou produção: “Não vislumbrava a possibilidade de desenvolver atividades também com TV”.

    Segundo ele, indicou ainda como determinante o fato de poder habilitar-se a trabalhar em Comunicação Social pois considera ter curiosidade e conhecimentos gerais suficientes para a partir de una fundamentação teórica desenvolver sua capacidade comunicativa. Outro fator relevante é o de, na adolescência,  ter posto no ar uma rádio pirata. O Curso de Radialismo permitirá, segundo Roberto, que desenvolva suas habilidades latentes.

O Projeto Pedagógico, sua elaboração e aprovação.

        Com o objetivo de reestruturar o projeto pedagógico do curso de comunicação social para sua adequação às exigências mercadológicas e principalmente do MEC e, para viabilizar a  implementação da nova habilitação, foi formada uma comissão para estudos preliminares,  constituída pelos professores Marcelo Bolshaw Gomes, Míriam Moema Filgueira Pinheiro, Newton Avelino de Andrade, Tânia Maria Damasceno Mendes de Farias e pelo representante do CA, Evânio Mafra.  

        Após a elaboração do projeto final a Chefia de Departamento encaminhou à apreciação de professores e alunos que com observações, críticas e sugestões, contribuíram para que uma segunda comissão, desta vez formada pelos professores Newton Avelino de Andrade, Otêmia Porpino Gomes e Vanilda Vasconcelos da Silva, elaborasse com base nesta discussão a proposta do documento final. Aprovado pelo Colegiado do Curso de Comunicação Social, foi então encaminhado pelo coordenador, professor Newton Avelino,  à Chefe de Departamento, que por sua vez submeteu o projeto à plenária, que o aprovou e encaminhou ao CONSEC que, em 1º de novembro de 2000, aprovou o parecer favorável  do relator para o projeto pedagógico do Departamento de Comunicação Social.

        Em entrevista ao nosso repórter, o Professor Newton Avelino ao ser indagado sobre quanto tempo tramitou a proposta de implantação da nova habilitação – Radialismo, disse que “ao todo passou cerca de 1 ano pois tiveram 3 comissões e somente na 3ª e última comissão é  que se concluiu junto com o colegiado do curso a versão final do projeto pedagógico”.

        “Posteriormente houve a tramitação passando pelos colegiados, plenária do departamento, conselho de centro e, finalmente, o CONSEC, que é a última instância dentro da Universidade, aí pronto, o curso  está em processo de implantação já nesse semestre, vai continuar o outro currículo sendo paulatinamente  desativado, a partir deste semestre já não tem mais o 1º período, depois o 2º e sucessivamente até acabar  a última turma, agora, quem faz um pode fazer o outro, se você é aluno do 2º período no currículo velho, mas você pode pagar disciplinas do currículo novo, você pode até passar totalmente para  o currículo novo, com todo o reconhecimento e sem nenhum prejuízo para você”, complementa Newton. Desde que respeitada a relação de equivalência das disciplinas apresentada no projeto pedagógico.

        Perguntado sobre qual o critério utilizado para a escolha de Radialismo, Newton nos informou que é um projeto antigo do Departamento. “Há alguns anos, os professores Maurício Pandolphi, Jânio Vidal, Rogério Cadengue e outros também se interessaram pela implementação do curso”.

        O professor Jânio Vidal reforça a posição do professor Newton quando interrogado sobre sua participação na elaboração de uma primeira proposta para elaboração do programa do curso de Radialismo e se o mesmo corresponde ao projeto atual:

        - É, tem muita semelhança sim. Inclusive essa idéia é uma idéia antiga. O curso de jornalismo foi criado inicialmente pela Fundação José Augusto, em meados da década de 60 e funcionou até 1976 lá na rua Jundiaí, no prédio da Fundação José augusto, e era chamado de Curso de Jornalismo. É interessante pois o meu diploma é da Faculdade Eloy de Souza de Jornalismo, que funcionava na Fundação José Augusto muito embora eu tenha passado os últimos dois anos aqui na faculdade. Quando passou a se chamar comunicação social, a idéia era que tivesse uma parte comum entre as disciplinas durante dois anos e que a partir daí o aluno, chegando na metade do curso poderia ter definições na área de Jornalismo, Radialismo, Relações públicas ou Publicidade. O projeto inicial era esse. Até 3 ou 4 anos atrás acreditava-se nessa possibilidade, de um desdobramento do curso de comunicação em habilitações diferentes. Evoluiu, e criou-se mais um curso, o curso de radialismo. Eu acredito que a idéia de já entrar no curso de radialismo da forma que foi conseguido, não inviabiliza o projeto inicial e pode ser até que seja mais interessante. No entanto, eu sinto ao analisar algumas das disciplinas, que a formação política, a formação ética, aquela base comum que envolvia um tronco de disciplinas comuns também em cursos de Ciências Políticas e Ciências Sociais, ela de certa forma perdeu aquele conceito que era mais político, mais de formação humanística também, e ficou mais voltado para um conceito técnico.

 

CURRÍCULO DE JORNALISMO CURRÍCULO DE RADIALISMO A OPINIÃO DOS ALUNOS

Bruno Leonardo de Vasconcelos (repórter); Francisco Gustavo de Oliveira (produtor); Rodrigo Maribondo (produtor); Luis Henrique de S. e Silva (editor); Fagner Torres (repórter); Ugo Leite (editor).